As relações da UE com China e Rússia são dos mais importantes temas diplomáticos em análise, 2.ªfeira, entre a Comissão e o Governo português, aos quais o primeiro-ministro, José Sócrates, dedicou intensa preparação nos últimos meses.
Entre dezenas de temas sectoriais em debate entre os comissários europeus e os membros do Governo português, que preside à UE desde hoje, no edifício da Alfândega, no Porto, estão as relações diplomáticas com duas das potências emergentes mundiais: a Rússia e a República Popular da China.
Segundo fonte do Governo português, as questões russa e chinesa serão "seguramente analisas" pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, e pela comissária austríaca para as Relações Externas, Benita Ferrero-Waldner, antes da foto de família (pelas 11:15 horas) e da reunião plenária das duas delegações (11:30 horas).
Tanto com a Rússia, como com a China - dois dos países que têm registado maior crescimento económico no mundo ao longo dos últimos anos - a União Europeia continua sem solucionar vários impasses diplomáticos.
Perante este quadro, antecedendo a presidência portuguesa da União Europeia, que hoje começou, José Sócrates realizou no primeiro semestre deste ano visitas a Pequim (no final de Janeiro) e a Moscovo (no final de Maio), onde tentou desanuviar as relações destes dois governos com Bruxelas.
Embora se tivessem tratado de visitas apenas na qualidade de primeiro-ministro português, em Pequim e em Moscovo, Sócrates assumiu publicamente a necessidade de fazer "contactos exploratórios" de forma a facilitar o seu futuro trabalho diplomático na altura em que se realizarem as cimeiras sob presidência portuguesa com a Rússia (em Mafra, Outubro) e com a China (em Pequim, Novembro).
No caso da Rússia, depois do fracasso da última cimeira de Samara (nas margens do Volga), em Maio, Bruxelas e Moscovo estão em diferendo no que respeita a garantias de fornecimento de energia, embargo às exportações de carne polaca, processo de independência do Kosovo e em relação à forma de tratamento das minorias russas em Estados-membros como a Estónia e Letónia.
No encontro com o presidente russo, Vladimir Putin, no Kremiln, Sócrates defendeu que as relações entre a União Europeia e Rússia são um assunto "muito sério", razão pela qual não podem ser "contaminadas" por "lições irresponsáveis" em matéria de democracia e direitos humanos.
"A relação entre a União Europeia e a Rússia precisa de confiança mútua e são necessários sinais positivos, mas de ambos os lados. Tenho a certeza que ambos os lados encontrarão os sinais positivos para dar às respectivas opiniões públicas", disse.
Já entre a China e a União Europeia, os principais temas polémicos são o levantamento do embargo à venda de armas a Pequim e a condenação da concorrência desleal chinesa (com base na exploração de mão-de-obra barata, o chamado `dumping social`).
A 01 de Fevereiro, em Xangai, interrogado pelos jornalistas sobre o respeito dos direitos humanos pelo regime de Pequim, o primeiro-ministro afirmou que a posição de Portugal "é a mesma da União Europeia - e a China sabe disso".
José Sócrates referiu-se depois à próxima cimeira entre a União Europeia e a China, em Novembro, em Pequim.
"A próxima cimeira é importante para a União Europeia e para a China", sublinhou, referindo que "há pontos que estão a ser trabalhados há muito tempo", quer por Bruxelas, quer por Pequim.
Segundo Sócrates, tanto o embargo da venda de armas, como o reconhecimento pela União Europeia da China como uma economia de mercado, "exigem negociação".
"A União Europeia quer incentivar a China no seu caminho de progresso", disse.
© 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal,
S.A.2007-07-01 18:50:01
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