31/07/2007

Sr. Jacinto César, Tenho-lhe enviado por email todos os contactos que tenho recebido acerca da sua família em Timor, que por sinal estão ansiosos por saber notícias suas.
Como não tenho obtido qualquer resposta aos meus email, aqui estão todas elas publicadas no meu blog, para o caso de ter havido algum problema de comunicação.
Desejo-lhe a maior sorte e felicidades do mundo e se necessitar de ajuda para alguma coisa, estou à sua disposição.

Um beijinho
Laumalai

Página Um disse...
Olá LaumalaiA proposito do senhor Calcona que me perguntava no Página Um, houve um amigo que anónimo que explica tudo sobre o referido senhor. Passo a transcrever:"O Senhor Calcona trabalhava no Hospital dr Carvalho como cozinheiro. Era muito afavel e que eu saiba nunca ninguem falou mal dele. Ja faleceu, mas deixou filhos e creio que alguns enfermeiros reformados aqui em Timor ou antigos funcionarios do regime colonial portugues ainda se devem lembrar desse bom homem. Ele veio ca na companhia de outros dois ex-alunos salesianos, um deles alfate de apelido Carocho e ja falecido. Talvez os padres salesianos aqui em Timor possam informar os familiares do Senhor Calcona em Portugal sobre quem sao e como se chamam os filhos do Senhor Calcona."Um abraçoA. Veríssimo
24 de Julho de 2007 16:41


Ângela Carrascalão disse...
Laumalai,Encontrei-me hoje de manhã com uma das filhas do Sr. Calçona que me deu a informação de que o pai falecera em 1999, vítima de ataque cardíaco.Eram doze irmãos dos quais estão vivos 9:1. Francisco Rodrigues Calçona – mais velho2. Zulmira Fátima Calçona3. Maria de Fátima Calçona4. Jaime de Jesus Calçona5. Vitorino de Jesus Calçona6. Lígia Correia Calçona7. Vitorina de Jesus Calçona8. Letícia Correia Calçona – vive em Bogor, Indonésia9. Lindalva Correia CalçonaA Maria de Fátima disse-me que o Sr. Calçona falava do senhor Jacinto César.Eles também sabem que têm um irmão mais velho em Portugal que eles obviamente não conhecem.A família de Timor ficou muito satisfeita com o interesse da família em Portugal e gostaria de entrar em contacto com eles.Para o efeito, envio o número do telefone do marido da Maria de Fátima, o sr. João Faria da Silva: + 670 726 21 38Se a família em Portugal quiser enviar-me algum contacto para ser entregue aos irmãos Calçona, pode fazê-lo para o meu email: macarrascalao@myself.com Um abraço,Maria Ângela Carrascalão
30 de Julho de 2007 6:18
Ângela Carrascalão disse...
Laumalai,Já fiz alguns contactos. Ficaram de me dar o contacto de um senhor com o apelido Calçona que será irmão ou filho (presumo eu) do sr. Vitorino Calçona.Logo que tenha os dados, enviar-lhe-ei.
24 de Julho de 2007 1:26

Niveam disse...
Boa noite.tive oportunidade de ler o comentario, e acho que o posso ajudar-lho, o seu senhor que procura é familiar meu. o senhor Vitorino Calçona ja faleceu, mas o filho que tem o mesmo nome, e meu cunhado.se gostar saber mais alguma informaçao aqui deixo o meu contacto, que assim pode ter a oportunidade de falar com o meu pai que esta neste momento em portugal:tlm: 963652656/961403105email: n.alvesm1@gmail.com / ama_alves2003@yahoo.com.brobrigadaNivea
27 de Julho de 2007 20:43

23/07/2007

"Eleições intercalares fora de questão" afirma Ramos-Horta

O Presidente da República de Timor-Leste, José Ramos-Horta, declarou hoje que a terceira ronda negocial para a formação de governo foi inconclusiva mas excluiu a realização de eleições intercalares.
José Ramos-Horta afirmou que a reunião entre os líderes dos partidos com assento parlamentar "não produziu nenhum nome para primeiro-ministro nem o partido que formará governo".
O Presidente continuará as consultas com os partidos hoje à tarde (início do dia em Lisboa) e amanhã, porque pretende anunciar a solução para o impasse político na próxima quarta-feira.
"A eleições antecipadas, eu diria como os meus amigos franceses, `hors de question`, fora de questão", declarou o Presidente da República quando interrogado sobre a hipótese de eleições legislativas no início de 2008.
A Fretilin, o partido no poder, venceu as eleições de 30 de Junho sem maioria absoluta e uma coligação de quatro partidos da oposição reclama formar ou liderar o IV Governo Constitucional.
O Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), a coligação Partido Social Democrata/Associação Social Democrática Timorense (PSD/ASDT) e o Partido Democrático formaram a Aliança para Maioria Parlamentar (AMP) e recusam incluir um governo liderado pela Fretilin.
José Ramos-Horta repetiu hoje que a sua preferência vai para "um governo de grande coligação, ou grande inclusão".
"Há pontos de discordância e pontos de aproximação. Ainda há dúvidas sobre as vantagens e a viabilidade de um governo de grande inclusão mas também todos têm consciência de que cada elemento em si, ou a Fretilin ou a AMP, não reúne condições políticas para garantir uma governação estável e estabilidade neste país".
"Não havendo estabilidade, não é possível falar-se em recuperação económica", acrescentou o chefe de Estado.
Zacarias da Costa, presidente do Conselho Nacional do PSD, afirmou à agência Lusa no final da reunião de líderes que "para a Aliança o primeiro valor é a democracia, não é a estabilidade".
No final das três rondas negociais, o Presidente da República tem três opções: decidir por um governo liderado pela Fretilin; convidar a AMP a formar governo; propôr à Fretilin e à AMP que dividam a legislatura a meio, exercendo cada uma o poder durante dois anos e meio.
Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, Arsénio Bano, novo vice-presidente do partido, e Xanana Gusmão, presidente do CNRT, não prestaram declarações à saída da reunião.


© 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.
2007-07-23 08:40:01

Entretanto, e enquanto estes senhores andam todos a discutir entre si, sobre quem tem direito ao poder, a instabilidade volta às ruas de Timor.
Sim, é verdade! Ontem aconteceram distúrbios em Ermera e sabe-se lá mais onde. Esta noite houve de novo distúrbios em Dili, junto ao heliporto (onde se situava antigo aeroporto de Dili e onde irá ser construído o Palácio Presidencial) e no Delta Comoro, provocados por grupos rivais de jovens, deixando novamente a população com medo e tendo sido aconselhado a permanência em casa depois das 20h.
Mais uma vez se verifica que o poder político é o verdadeiro responsável pela instabilidade entre a população. Além do problema ainda existente com Alfredo Reinado e outros, ainda vem também esta indefinição/indecisão sobe quem forma governo?
Num País democrático, quem ganha as eleições é convidado a formar Governo. Se conseguir coligações com a oposição, melhor para ele e para a sua governação, que será certamente mais estável. Se não conseguir as tais coligações terá que governar em minoria, com a oposição sempre em "cima", a tentar bloquear, e com o Presidente a tentar equilibrar de modo a que não haja exageros de parte a parte. Logicamente que um Governo nestas condições terá menos probabilidades de chegar ao fim do seu mandato, embora não seja impossível. Tudo dependerá das conversações que for mantendo com a oposição.
Se o Governo cair, o Presidente decidirá sobre se o melhor para o País será pedir à oposição para formar governo ou se deverá convocar novas eleições (normalmente é a primeira hipótese e só se esta não resultar se seguirão para as eleições). Mas penso que o que escrevi não é novidade nenhuma para quem vive em países com regimes democráticos.
Logicamente que Timor ainda se está a habituar à democracia, mas também é demasiado evidente, que o grande problema de Timor é o jogo de interesses pessoais, que estão a levar o País até ao caos.
Espero que bem depressa, alguém tome consciência disso e se dedique à governação do País, com alma e coração, apenas com o objectivo de fazer de Timor o Sítio do Sol Nascente, onde todos vivem em paz, com alegria, amor, bem estar e muita, muitíssima prosperidade.
Laumalai

O ultimato a Alkatiri e Xanana

Fretilin e CNRT têm até segunda-feira para se entenderem. É o prazo final dado pelo presidente Ramos-Horta, que quer dar posse ao novo governo a 1 de Agosto.
Em Timor, os líderes entraram literalmente em retiro e só deverão sair dessa espécie de transe político depois do fim-de-semana, por imposição do presidente Ramos-Horta, que decidiu dar um prazo apertado a Alkatiri e Xanana – os dois grandes adversários saídos das eleições legislativas de 30 de Junho – para se entenderem quanto à formação do novo governo. A Fretilin e a aliança pós-eleitoral liderada pelo CNRT de Xanana Gusmão têm até segunda-feira para selarem um acordo e irem juntos para o poder ou, caso contrário, terão de se sujeitar ao livre arbítrio de Ramos-Horta.
O presidente decidiu que vai escolher no início da próxima semana quem irá estar à frente dos destinos do país nos próximos cinco anos e está determinado em dar posse ao futuro executivo a 1 de Agosto, qualquer que seja o desfecho das tentativas de diálogo entre os dois rivais.
Ramos-Horta diz estar “prudentemente optimista”, nesta altura, sobre a capacidade de entrosamento entre o partido vencedor das legislativas (Fretilin, com 29%) e o segundo partido mais votado (CNRT, com 24%), que assegurou a maioria parlamentar após uma coligação feita com o PD (Partido Democrático), a ASDT (Associação Social-Democrata de Timor) e o PSD (Partido Social-Democrata).
O presidente timorense tem sido o maior entusiasta de um governo de inclusão que junte no conselho de ministros as formações de Alkatiri e Xanana. “Essa é a leitura que eu faço do resultado destas eleições. E das mensagens que tenho recebido do povo, às centenas, não há uma única que não aponte para um governo de inclusão. Nenhuma outra solução é capaz de garantir a estabilidade do país”.

Líderes em reflexão
Na quinta-feira, todos os líderes dos partidos que ganharam lugares de deputado nas legislativas recolheram juntos ao convento de Dare, nos arredores de Díli, para um dia intenso de reflexão e confrontação, saindo de lá com tudo ainda em aberto. Segundo relatos feitos ao Expresso, a manhã foi dramática. Xanana Gusmão fez um discurso de quase uma hora com acusações sobre a má governação da Fretilin, terminando com a recusa de qualquer hipótese de acordo. Quando se calou, Alkatiri e Lu-Olo, o secretário-geral e o presidente do partido, responderam à letra. Foi preciso esperar pela tarde para o ambiente ficar mais descontraído, abrindo espaço para o CNRT de Xanana readmitir a possibilidade de um governo de inclusão.
No retiro de Dare, além da notória fragilidade das relações entre Alkatiri e Xanana, houve um outro sinal evidente sobre o mal-estar provocado pelos encontros promovidos pelo presidente: Mário Carrascalão, presidente do PSD, não compareceu. As operações de charme em torno do antigo governador de Timor parecem não ter resultado.
Se a aliança de Xanana avançar para um namoro de conveniência com a Fretilin, o mais provável é o PSD bater com a porta. E aí, num governo onde quase toda a gente estará dentro e quase ninguém estará fora, restará afinal alguém para cumprir uma das práticas mais saudáveis em democracia: oposição.

Micael Pereira

Xanana Gusmão é indicado por CNRT para Primeiro Ministro de Timor

22-07-2007 12:49:22
Díli, 22 Jul (Lusa)


- O ex-presidente Xanana Gusmão é a escolha do Congresso Nacional de Reconstrução do Timor Leste (CNRT) para ser o primeiro-ministro, caso a Aliança para Maioria Parlamentar (AMP) forme governo, afirmou fonte do partido neste domingo à Agência Lusa.
A decisão foi tomada em encontro da direção do partido, no sábado, "e esperava confirmação na reunião dos presidentes da AMP", disse o mesmo dirigente, que pediu anonimato "por razões de segurança".
O presidente do Partido Social Democrata timorense (PSD) e ex-governador do Timor Leste durante a ocupação indonésia, Mário Viegas Carrascalão, confirmou a indicação de Xanana Gusmão pelo CNRT como primeiro-ministro.
Segundo o líder do PSD, o ex-chefe de Estado também será o nome proposto para o cargo pela Aliança. "Já temos o princípio de decisão e é provável que a escolha da AMP para primeiro-ministro recaia nele. Somos unânimes em que ele preenche a necessidade atual".
Xanana Gusmão e Mário Viegas Carrascalão estiveram reunidos neste domingo com os presidentes dos outros partidos da Aliança, Fernando "La Sama" de Araújo, do Partido Democrático (PD), e Francisco Xavier do Amaral, da Associação Social Democrática Timorense (ASDT).
O Partido Democrático PD, o CNRT e a coligação da ASDT o PSD formaram uma AMP que propõe um governo alternativo à Frente Revolucionária do Timor Leste Independente (Fretilin), que venceu as legislativas no Timor Leste sem maioria absoluta no final de junho.

in: http://www.agencialusa.com.br/index.php?iden=9428

20/07/2007

Timor: um governo que inclua todos

2007/07/20 - 11:55
Fretilin e Presidente esperam criar um governo estável e de inclusão


A Fretilin, que venceu as legislativas em Timor-Leste sem maioria absoluta, declarou esta sexta-feira a sua «satisfação pelo progresso das negociações» para a formação de um novo governo de união e reiterou que o partido vai designar o próximo primeiro-ministro, noticia a agência Lusa.
«O objectivo da Fretilin e do Presidente da República nestas negociações é encontrar uma solução definitiva que trará estabilidade ao país», afirmou o secretário-geral do partido, Mari Alkatiri.
«É por isso que convidámos todos os partidos para formar um governo de grande inclusão», acrescenta Mari Alkatiri, citado pelo comunicado do partido.
O ex-primeiro-ministro integra, com Francisco Guterres «Lu Olo», presidente do partido, a equipa da Fretilin nas negociações para encontrar governo e programa na sequência das eleições de 30 de Junho.


Reuniões pelo futuro de Timor

O Presidente da República e os dirigentes de todos os partidos políticos com assento no novo parlamento voltaram a reunir-se para discutir o futuro de Timor, numa comunidade religiosa nos arredores de Dare. As reuniões pretendem continuar segunda-feira.

O comunicado da Fretilin refere que «o maior partido timorense» está neste momento envolvido em «negociações bilaterais» com o Partido Democrático (PD), a Associação Social Democrática de Timor-Leste (ASDT), a UNDERTIM e a Aliança KOTA-PPT.

«Estamos também a negociar com o CNRT (Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste) através do Presidente da República».

O PD, o CNRT e a coligação da ASDT com o Partido Social Democrata (PSD) formaram uma Aliança para Maioria Parlamentar que propõe um governo alternativo à Fretilin.

«Estas negociações centraram-se em políticas e programas para o desenvolvimento nacional», acrescenta o comunicado da Fretilin.

In: http://www.portugaldiario.iol.pt/

Maior partido do Timor busca encerrar impasse na 2ª feira

20-07-2007 10:36:38
Díli, 20 Jul (Lusa)
- A Frente Revolucionária do Timor Leste Independente (Fretilin), que venceu as legislativas no Timor Leste sem maioria absoluta no final de junho, declarou nesta sexta-feira sua "satisfação pelo progresso das negociações" para a formação de um novo governo e reiterou que o partido vai designar o próximo primeiro-ministro.
"O objetivo da Fretilin e do presidente da República nestas negociações é encontrar uma solução definitiva que trará estabilidade ao país", afirmou o secretário-geral do partido, o ex-primeiro ministro Mari Alkatiri.
"É por isso que convidamos todos os partidos para formar um governo de grande inclusão", disse Alkatiri, citado pelo comunicado do partido. "Ainda não se atingiu nenhum acordo, mas estamos satisfeitos com o progresso das negociações".
O ex-premiê forma, com o presidente do partido, Francisco Guterres (o Lu Olo), a equipe que está levando à frente as negociações para obter condições de governabilidade e de execução do programa após as eleições de 30 de junho. A Fretilin venceu as legislativas com 29,02% dos votos.
ReuniãoNa quinta-feira, sob iniciativa do presidente José Ramos Horta, dirigentes de todos os partidos políticos com assento no novo Parlamento se reuniram durante todo o dia numa comunidade religiosa nos arredores de Dare, próxima a Díli. A rodada de discussões continua na segunda-feira.
O secretário-geral da Fretilin ressalta que o partido "tem o direito constitucional de indicar o primeiro-ministro e o partido indicará o primeiro-ministro do seu Comitê Central".O comunicado da Fretilin diz que "o maior partido timorense" está neste momento envolvido em "negociações bilaterais" com o Partido Democrático (PD), a Associação Social Democrática de Timor Leste (ASDT), a Undertim e a Aliança Kota-PPT.
"Estamos também a negociar com o CNRT (Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste) através do presidente da República".
O PD, o CNRT e a coligação da ASDT com o Partido Social Democrata (PSD) formaram uma Aliança para Maioria Parlamentar que propõe um governo alternativo à Fretilin.
"Estas negociações centraram-se em políticas e programas para o desenvolvimento nacional", informa o comunicado da Fretilin.Alkatiri elogiou os esforços de Ramos Horta para resolver o impasse pós-eleitoral. "A conduta do presidente da República até ao momento tem mantido a integridade e o respeito pela Constituição de Timor Leste e ele tem se esforçado para que os partidos encontrem uma solução aceitável."
Recebi este pedido de ajuda e peço a quem me possa fornecer informações para ajudar este Sr. a encontrar os seus familiares que me contacte aqui neste blog.
Tenho esperança que alguém consiga ajudar.
Desde já os meus agradecimentos.

Laumalai

"Jacinto César disse...
Cara Amiga(?)
Estou-lhe a escrever por um motivo que nada tem com os "posts" do seu blog, mas sim para lhe pedir ajuda. E a ajuda que lhe quero pedir são informações sobre Timor.
Eu conto a história.
A minha avó paterna tinha como nome de solteira Maria José Calçona e tinha um irmão de seu nome Francisco Jesus Calçona, que seria meu tio-avô.
Este último julgo ter estado em Timor na primeira metade do séc. XX. Teve pelo menos um filho cujo nome é Vitorino Calçona e que viveu em Elvas (de onde sou natural e resido), tendo ido a viver também para Timor. Se for vivo terá qualquer coisa como 70 e muitos anos. Este seria ou é meu primo em 2º grau.
Bem, como tive conhecimento de tudo isto há pouco tempo fiquei com a coriosidade de saber se terei algum "parente" vivo.
Sendo uma pessou que deste pequeno se abituo-o a viajar, neste momento conheço meio mundo, estando Timor nos meus projectos por todos os motivos e mais alguns, já que mesmo antes de saber desta história, sempre tive um particular carinho por esse cantinho do mundo que tanto sofreu e continua a sofrer.
Bem, o que pretendia eu então: o nome de qualquer organização ou organizações que me possam ajudar a encontrar estes meus parentes, se é que os há!
Desde já fico muito grato se me puder ajudar.
Os meus cumprimentos
Jacinto César"

15/07/2007

Esta terra devastada

Blog Hotel Timor
Expresso Multimedia


The Vira Bali Hotel, do meu quarto. Quinta-feira, 12 de Julho. Uma da manhã, hora local

No aeroporto de Bali, à chegada do avião de Díli, uma brasileira dizia isto a um senhor de Baucau: «Quem vai uma vez a Timor, faz tudo para poder voltar». Talvez seja esse o maior potencial turístico do país – gente que regressa sempre – à espera de uma oportunidade quando houver uma certeza de paz.
A última vez que parti de Díli, a 17 de Junho de 2006, tinha estado toda a noite em branco, a transcrever e editar uma entrevista com o ex-ministro do Interior Rogério Lobato sobre a distribuição de armas. Não dormi e quando desci as escadas do Hotel Timor para tomar o pequeno-almoço, estava a dar Cesária Évora. «Quem mostra’bo esse caminho longe? Quem mostra’bo esse caminho longe? Esse caminho pa São Tomé». Eram sete da manhã e não havia ninguém de quem me despedir. Sabia que me ia embora quando ainda estava tudo para acontecer, tal como agora.
O empregado de mesa perguntou-me se eu ia voltar. E eu disse-lhe, tal como penso agora: «Não sei se alguma vez vou voltar».
Dessa vez, o táxi que me levou do hotel passava música indonésia no rádio. Não conseguimos falar, eu e o taxista. Ele só entendia tétum e bahasa. Tinha uma santinha no tabliê e o vidro da frente não estava partido. Hoje, quase todos os táxis têm os vidros partidos, remendados com autocolantes. Alguns têm só uma faixa de dez centímetros livre para que o motorista se possa reclinar para baixo no banco e perceber a geografia dos buracos na estrada. Um vidro novo custa 400 dólares, quase metade do ordenado do primeiro-ministro, e tem de se mandar vir de Singapura.
No caminho para o aeroporto, fixei uma imagem. Uma família viajava numa moto. O pai ia à frente, a mãe atrás e o puto no meio. Cumprimentámo-nos. Tanto tempo passado com as elites, tão pouco tempo passado com o povo. Há sempre um meio de se conseguir viver. Sem vidros nos carros, em motos sobrelotadas, a dormir em tendas na época das chuvas, a comer diariamente o arroz da ajuda humanitária, vendendo cigarros nas ruas escuras às três da manhã. O povo quer aprender com a elite a saber mais e a viver melhor, mas talvez a elite também devesse aprender mais com o povo.
Desta vez, no avião da Merpati para Bali, parei numa passagem de T.S. Eliot (descobri, entretanto, que não dá para levar livros de poesia para Díli). Quando está tudo ainda em aberto sobre a crise social e política no país, vou terminar com ela como a li, numa edição bilingue.



What are the roots that clutch, what branches grow
Out of this story rubbish? Son of man,
You cannot say, or guess, for you know only
A heap of broken images, where the sun beats,
And the dead tree gives no shelter, the cricket no relief,
And the dry stone no sound of water. Only
There is shadow under this red rock,
(Come in under the shadow of this red rock),
And I will show you something different from either
Your shadow at morning striding behind you
Or your shadow at evening rising to meet you;
I will show you fear in a handful of dust.


Que raízes se prendem, que ramos crescem
Neste entulho pedregoso? Filho do homem,
Não consegues dizer, nem adivinhar, pois conheces apenas
Um montão de imagens quebradas, onde bate o sol,
E a árvore morta não dá qualquer ruído de água. Apenas
Há sombra debaixo desta rocha vermelha
(Anda, vem para a sombra desta rocha vermelha),
E vou mostrar-te uma coisa ao mesmo tempo diferente
Da tua sombra quando ao amanhecer te segue
E da tua sombra quando ao entardecer te enfrenta;
Vou mostrar-te o medo num punhado de poeira.


T. S. Eliot, The Waste Land
Publicado quinta-feira, 12 de Julho de 2007 11:00

A balança de Ramos-Horta

Expresso14 Julho 2007
Há uma semana que se brinca ao jogo das duas caras em Timor. E todos parecem estar a jogá-lo, na corrida para ver quem vai para o Governo: a Fretilin de Mari Alkatiri ou a aliança da oposição liderada pelo CNRT de Xanana Gusmão. Ou as duas.
O que Alkatiri e a coligação de Xanana dizem em público não é o que dizem em privado. Em público fazem demonstrações de força, em privado negoceiam posições, num mundo de aparências que põe os timorenses e a comunidade internacional com os nervos em franja, desde que saíram os resultados das eleições legislativas de 30 de Junho.
A aliança do CNRT com o PD de Lassama, o PSD de Mário Carrascalão e a ASDT de Xavier do Amaral tem a maioria absoluta dos assentos parlamentares, mas a Fretilin foi o partido mais votado (com 29%). Só um mestre em diplomacia como o Presidente Ramos-Horta, capaz de fundir o que é contraditório, pode evitar que a guerrilha de bastidores desça às ruas, depois das graves acusações feitas no último ano, que incluíram alegadas tentativas de homicídio. Para já, porque é ao Presidente que cabe a última palavra no convite para a formação do Governo.
A estratégia de Ramos-Horta é cada vez mais clara. A Xanana e aos seus aliados já fez saber que, caso não estejam disponíveis para levar até ao fim um entendimento com Alkatiri, irá convidar a Fretilin para o poder, mesmo em posição minoritária, desde que o Governo aceite a demissão à primeira prova de ingovernabilidade. E a Alkatiri explicou que não é ilegal, à luz da Constituição timorense, convidar para o Executivo uma coligação pós-eleitoral que reúna a maioria parlamentar, estando pronto para o fazer logo que a Fretilin escorregue no chumbo do programa de governo. Assim, a batata quente que a Fretilin lhe atirou para as mãos fará uma espécie de ricochete.
O presidente do Tribunal de Recurso, que acumula as funções de Tribunal Constitucional, esclareceu ao Expresso que a Constituição timorense permite juridicamente alianças feitas após as eleições. Mas Cláudio Ximenes espera que ninguém lhe vá pedir pareceres. “Não se trata de um problema constitucional, trata-se de um problema político e são os políticos que o devem resolver”.
Alkatiri diz-se disponível para ficar fora do Governo desde que Xanana também fique. Mas Mário Carrascalão parece irredutível na recusa de partilhar o poder com a Fretilin, mesmo depois de o partido mais votado ter dado sinais de que aceitaria Fernando Lassama para primeiro-ministro. Como última arma para convencer o ex-governador de Timor, Ramos-Horta mandou um emissário especial: Matan Ruak, brigadeiro das F-FDTL e herói da Resistência. Mas o momento decisivo é este fim-de-semana. Alkatiri e Xanana deverão reunir-se pela primeira vez desde o ano passado. Será que, mais do que inimigos, conseguirão ser irmãos?

Micael Pereira, enviado a Díli

TRABALHO - Novas Normas no Trabalho

Já falta pouco meus caros. Mais um ou dois anitos e lá teremos que as cumprir. Rsssssssss

Laumalai

1. INDUMENTÁRIA:
Informamos que o funcionário deverá trabalhar vestido de acordo com o seu Salário. Se o virmos calçado com uns ténis Adidas de 100EUR ou com uma bolsa Gucci de 150EUR, presumiremos que está muito bem de finanças e portanto, não precisa de aumento. Se ele se vestir de forma pobre, será um sinal de que precisa aprender a controlar melhor o seu dinheiro para que possa comprar roupas melhores e portanto, não precisa de aumento. E se ele se vestir no meio-termo, estará perfeito e portanto, não precisa de aumento.

2. AUSÊNCIA DEVIDO A DOENÇA:
Não vamos mais aceitar uma declaração do médico como prova de doença. Se o funcionário tem condições para ir até ao consultório médico também tem para vir trabalhar.

3. CIRURGIA:
As cirurgias são proibidas. Enquanto o funcionário trabalhar nesta empresa, precisará de todos os seus órgãos, portanto, não deve pensar em tirar nada. Nós contratámo-lo inteiro. Remover algo constitui quebra de contrato.

4. AUSÊNCIAS DEVIDO A MOTIVOS PESSOAIS:
Cada funcionário receberá 104 dias para assuntos pessoais, em cada ano. Chamam-se Sábados e Domingos.

5. FÉRIAS:
Todos os funcionários têm direito a gozar ainda mais 12 dias de férias nos seguintes dias de cada ano: 1 de Janeiro, Dia de Páscoa 25 de Abril, 1 de Maio, 10 de Junho, 15 de Agosto, 5 de Outubro, 1 de Novembro, 1 de Dezembro. 8 de Dezembro. 25 de Dezembro.

6. AUSÊNCIA DEVIDO AO FALECIMENTO DE ENTE QUERIDO:
Esta não é uma justificação para perder um dia de trabalho. Não há nada que se possa fazer pelos amigos, parentes ou colegas de trabalho falecidos. Todo o esforço deverá ser empenhado para que os não-funcionários cuidem dos detalhes. Nos casos raros, onde o envolvimento do funcionário é necessário, o enterro deverá ser marcado para o final da tarde. Teremos prazer em permitir que o funcionário trabalhe durante o horário do almoço e, daí sair uma hora mais cedo, desde que o seu trabalho esteja em dia.

7. AUSÊNCIA DEVIDO À SUA PRÓPRIA MORTE:
Isto será aceite como desculpa. Entretanto, exigimos pelo menos 15 dias de aviso prévio, visto que cabe ao funcionário treinar o seu substituto.

8. O USO DO WC:
Os funcionários estão a passar tempo demais na casa de banho. No futuro, seguiremos o sistema de ordem alfabética. Por exemplo, Todos os funcionários cujos nomes começam com a letra 'A' irão entre as9:00 e 9:20, aqueles com a letra 'B' entre 9:20 e 9:40, etc. Se não puder ir na hora designada, será preciso esperar a sua vez, no dia seguinte. Em caso de emergência, os funcionários poderão trocar o seu horário com um colega. Ambos os chefes dos funcionários deverão aprovar essa troca, por escrito. Adicionalmente, agora há um limite estritamente máximo de 3minutos na sanita. Acabando esses 3 minutos, um alarme tocará, o rolo de papel higiénico será recolhido, a porta da sanita abrir-se-á e uma foto será tirada. Se for repetente, a foto será afixada no quadro de avisos e Intranet do Serviço com o título infractor Crónico.

9. A HORA DO ALMOÇO:
Os magros têm 30 minutos para o almoço, porque precisam comer mais para parecerem saudáveis. As pessoas de tamanho normal têm 15 minutos para comer uma refeição balanceada que sustente o seu corpo mediano. Os gordos têm 5 minutos, porque é tudo que precisam para tomar uma salada e um moderador de apetite. Muito obrigado pela sua fidelidade à nossa empresa. Estamos aqui para proporcionar uma experiência laboral positiva. Portanto, todas as dúvidas, comentários, preocupações, reclamações, frustrações, irritações, desagravos, insinuações, alegações, acusações, observações, consternações e quaisquer outras... ões' deverão ser dirigidas para outro lugar.

Tenham uma boa semana.
A Administração.

E porque convém não esquecer...

Já espancou um professor?

Bater em professores tornou-se o desporto favorito dos portugueses. Só no ano passado, segundo dados do Observatório de Segurança Escolar, houve 390 agressões a professores, o que, tendo em conta que o ano lectivo tem cerca de 180 dias de aulas, dá a luzida média de dois por dia. Por outro lado, a Linha SOS Professor anunciou que 40% dos docentes que a contactaram desde Setembro foram vítimas de agressões por parte de alunos e encarregados de educação. A ministra Maria de Lurdes Rodrigues está, pois, de parabéns por vários motivos não só foi ela a da ideia, inaugurando o seu memorável mandato a "bater" nos professores, acusando-os de todas as desgraças da Educação em Portugal, como o facto de os professores espancados acabarem, na maior parte dos casos, no hospital permitirá excluí-los de progressão na carreira, já que em boa hora se lembrou de pôr as faltas por doença a contar para a avaliação da sua assiduidade. A ministra promete agora "restituir" a autoridade às escolas. Pode imaginar-se o que isso quer dizer através do exemplo de autoridade já dado pelo CE da Escola EB 2+3 de Maceda (Ovar), que, no caso de uma professora pontapeada, mordida e ferida no couro cabeludo pela mãe de um aluno decidiu pôr um processo disciplinar à professora.

Anedota - O menino Japonês (picante)

No primeiro dia de aulas, numa escola secundária dos EUA, a professora
apresentou aos alunos um novo colega, Sakiro Suzuki, vindo do Japão.
A aula começa e a professora:
Vamos ver quem conhece a história americana.
Quem disse: "Dê-me a liberdade ou a morte?"
Silêncio total na sala.
Apenas Suzuki levanta a mão:- Patrick Henry em 1775 na Filadélfia.
Muito bem, Suzuki.
E quem disse: "O Estado é o povo, e o povo não pode afundar-se?"
Suzuki: - Abraham Lincoln, em 1863, em Washington.
A professora olha os alunos e diz:
Não têm vergonha? Suzuki é japonês e sabe mais sobre a história
americana que vocês!
Então, ouve-se uma voz baixinha, lá ao fundo: japonês filho da puta!
Quem foi? - grita a professora.
Suzuki levanta a mão e, sem esperar, responde:
General McArthur, em 1941, em Pearl Halbour.
A turma fica super silenciosa ... apenas se ouve do fundo da sala:
*Acho que vou vomitar*.
A professora grita: - Quem foi?
E Suzuki: - George Bush Pai, ao Primeiro-Ministro Tanaka, durante um almoço em Tóquio, em 1991.
Um dos alunos diz: - Chupa o meu pau!
E a professora, irritada:
Acabou-se! Quem foi agora?
E Suzuki, sem hesitações: - Bill Clinton à Mônica Lewinsky, na Sala Oval da Casa Branca, em Washington, em 1997.
E outro aluno diz ao fundo: - Suzuki de merda!
E Suzuki responde: - Valentino Rossi, no Grande Prémio de Motos de velocidade, no Rio de Janeiro, em 2002.
A turma fica histérica, a professora desmaia, a porta abre-se e entra o director, que diz: Que merda é esta? Nunca vi uma confusão deste tamanho!
E Suzuki, bem alto:
Mariano Gago para José Socrates em 2007, após ter recebido o relatório da inspecção feita à Universidade Independente .

ANTES E DEPOIS DA POSSE

Grandes verdades! Infelizmente perfeitamente comuns a Timor
e a Portugal, os meus dois queridos países.

Quem escreveu isto é um génio. Parabéns!

ANTES DA POSSE


Nosso partido cumpre o que promete.
Só os tolos podem crer que
não lutaremos contra a corrupção.
Porque, se há algo certo para nós, é que
a honestidade e a transparência são fundamentais,
para alcançar nossos ideais.
Mostraremos que é grande estupidez crer que
as máfias continuarão no governo, como sempre.
Asseguramos sem dúvida que
a justiça social será o alvo de nossa acção.
Apesar disso, há idiotas que imaginam que
se possa governar com as manchas da velha política.
Quando assumirmos o poder, faremos tudo para que
se termine com os marajás e as negociatas.
Não permitiremos de nenhum modo que
nossas crianças morram de fome.
Cumpriremos nossos propósitos mesmo que
os recursos económicos do país se esgotem.
Exerceremos o poder até que
Compreendam que
Somos a nova política.
DEPOIS DA POSSE
*Basta ler o mesmo texto DE BAIXO PARA CIMA **

Titulares e Suplentes

As nossas escolas lançam-se, definitivamente, na arrojada experiência do mundo da bola. Com uma Ministra apostada em ser um género de Scolari da educação, o Ministério investe na divisão sectarista entre (professores) titulares e suplentes. Os titulares serão, então, convocados à luz de uma escolha surpreendente. Mais importante do que saber dar aulas e ter sucesso na relação educativa com os alunos, interessará saber como pisar a alcatifa dos gabinetes, ter prática de carreira burocrática fora da sala de aulas e, acima de tudo, não ter tido lesões que obriguem a paragens mais ou menos longas no Campeonato, mesmo que por culpa de qualquer sarrafada alheia. A táctica é, pois, não ter vida para além do dever. O destino é entregar a titularidade professoral aos mais dignos ratos de sacristia. Por isso, não bastará saber marcar golos. E, tal como em alguns clubes de futebol manhosos, é preciso não esquecer de elogiar o presidente e ser de uma fidelidade canina ao treinador.


Do jornal A BOLA (pág.9)
Vítor Serpa, Director do jornal
Sábado, 9 de Junho de 2007

A REALIDADE VIRTUAL DO MUNDO EDUCATIVO

A recente polémica à volta dos erros ortográficos e aritméticos nas provas de aferição do 4.º e 6.º anos mostrou algumas das origens da nossa catástrofe educativa (porque, vale a pena lembrar, vivemos uma catástrofe educativa). Em declarações à agência Lusa (29/05/2007, 14.39), o responsável do ministério, desmentindo "liminarmente" a acusação de não se ligar aos erros, explicou: "Não faz sentido penalizar a incorrecção ortográfica na primeira parte, quando o que se pretende perceber é se o aluno compreendeu ou não o texto." Esta indignação é o elemento mais revelador do caso. O ministério gasta um dinheirão num exame nacional a fingir, pois as notas não contam para os alunos. Depois, desperdiça a informação recolhida, omitindo um aspecto quando avalia outro. Finalmente, considera tudo isto como "técnica de avaliação". Talvez daqui a anos, quando estes jovens escreverem mal um relatório que mandam ao patrão, se justifiquem dizendo que não é a sua ortografia que está a ser avaliada. Como é possível pessoas inteligentes dizerem tais disparates? Este mistério conduz-nos a um dos problemas mais sérios da essência da educação: a relação com a realidade. Porque atitudes dos responsáveis que parecem delirantes e alheias ao senso comum resultam não de erros burocráticos pontuais mas da própria natureza do sector. Todas as actividade têm contactos contínuos com o mundo concreto. As empresas confrontam-se com o mercado, o sector da saúde depende do físico do doente, a polícia, diplomacia, tribunais lidam com problemas práticos. Até a política vive de eleições e manifestações. A educação é uma das poucas áreas que só dependem de si mesmas. A sala de aula é autónoma face à realidade e o sucesso final determina-se apenas pela pauta do próprio professor. É verdade que a matéria a ensinar nasce do mundo autêntico. Mas ele é filtrado pelo mestre, que constrói descrições, explicações, elaborações ou mitificações da realidade, com o propósito de compreender o existente e assim formar o estudante. As teorias são sempre abstracções e o estudo, razoável ou mirabolante, brilhante ou bruto, nunca deixa de ser limitado por si mesmo. Até quando realiza uma visita à realidade, a aula cria uma ficção pedagógica. A escola determina-se a si própria. Haverá no fim um teste real, a capacidade posterior do graduado em enfrentar o mundo. Mas, em geral, é difícil ligar isso à eficácia concreta do ensino e do mestre, porque o estudante, mesmo aprovado, pode ser burro. Até hoje, quando os sinais de falhanço na formação dos nossos cidadãos e trabalhadores são esmagadores, as escolas continuam impunes e sem responsabilidades assacadas no descalabro. Pelo contrário, até ganham mais meios para perpetuar a situação. Esta auto-suficiência conceptual da educação é a principal chave para as causas da derrocada. O ensino constitui um mundo isolado, com regras próprias, onde se pode funcionar longamente sem contacto ou relação com a realidade concreta. Qualquer parvoíce pode surgir como "método pedagógico" e, se abstrusa, até ganha excelência, pois as teorias educacionais já justificaram tudo e o seu contrário. O Ministério da Educação português é um bom exemplo de como um sistema autodeterminado pode disparar em sentidos impenetráveis e incoerentes. A sucessão de repetidas reformas, mesmo que justificadas individualmente, criou um conjunto inconsistente e delirante, que hoje até gasta fortunas em testes a fingir, que avaliam aos bochechos. A coisa só não é pior devido à única inelutável realidade que se impõe na sala de aula: a cara do aluno. Muitos profissionais competentes, sentindo-se responsáveis perante a turma que enfrentam, esforçam-se por ensinar alguma coisa às pobres cobaias das reformas, muitas vezes contra as mesmas reformas. Se não fosse isso, a catástrofe seria definitiva. Mas o Ministério da Educação tem de ser incluído entre os maiores inimigos do desenvolvimento nacional. Uma potência estrangeira que quisesse sabotar o nosso progresso dificilmente faria pior.
João César das Neves
Professor universitário
DN 25-06-07

THE TEN ADVICES FOR YOUNG INTERNET SURFERS


1 -Take care, you don't know who is backwards of the screen of the computer.

2 - Never say your real name or age .

3 - Never say your password (password).

4 - When your in a chat room (chat), never trust...!

5 - Never give your address.

6 - Never send any photo.

7 - Never accepted proposals of meeting without informing your parents.

8 - Don't believe all the information that you receive.

9 - Never answer to e-mails that offend you.

10 - If some photo disturbs you, skirt of the site and informs your parents.

SOME OF THOSE CHILDREN ABOVE MAYBE NEVER READ THIS ADVISE AND NOW ARE LOST...MAYBE FOREVER


Free translation of the Frenchman: Association Action Innocence
In: http://portugueselostchildren.blogspot.com/

14/07/2007

Marisa Monte - "Segue o Seco"

Tribalistas "Velha Infância"

Papas na língua - "Eu Sei"

Alerta máximo

A subida das temperaturas agravou o risco de incêndio nalgumas zonas do país, sobretudo no Interior Norte e Centro e no Algarve, onde o termómetro subiu acima dos 30 graus, segundo informações do Instituto de Meteorologia.O índice meteorológico de risco de incêndio FWI é utilizado por vários países do mundo, estimando um risco de incêndio a partir do estado dos diversos combustíveis presentes no solo florestal. Há vários concelhos classificados nas classes de risco "muito elevado" e nove onde o risco é "máximo".O índice corresponde cinco classes de risco: Reduzido, Moderado, Elevado, Muito Elevado e Máximo, que correspondem à escala utilizada durante a época de Verão dos incêndios florestais, entre 15 de Maio e 14 de Outubro. Os índices de raios ultra-violetas variaram entre "muito alto" (8 a 10) e "extremo" (mais de 11) em todo o país, no período entre as 11h00 e as 16h00, aconselhando o uso de óculos de sol, protecção solar e evitar a exposição ao sol. Neste domingo, estes índices vão baixar em Portugal Continental, variando entre "alto" e "muito alto" em Portugal Continental, e nos Açores e mantendo-se "extremos" na Madeira. As previsões do Instituto de Meteorologia indicam que o estado do tempo vai mudar pela madrugada, devido à aproximação de uma superfície frontal fria. Para este domingo, prevê-se céu geralmente muito nublado, apresentando-se inicialmente pouco nublado ou limpo no Interior e no Litoral Sul mas aumentando progressivamente de nebulosidade ao longo do dia. O Instituto de Meteorologia prevê períodos de chuva nas regiões do Norte e Centro, podendo ser temporariamente moderada a forte no Minho e Douro Litoral até ao fim da manhã, passando a regime de aguaceiros a partir da tarde. A temperatura máxima vai descer e a temperatura mínima subir.

In: http://m.sic.pt/news.do

Os Grandes Projectos para Tróia

Acção de rua em Setúbal
Louçã acusa projectos de Tróia de dificultarem acesso às praias e prejudicarem ecossistemas 14.07.2007 - 15h35 Lusa

O líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, responsabilizou hoje o Governo pela viabilização de condomínios de luxo na península de Tróia e no Litoral alentejano, que “dificultam o acesso às praias e põem em risco os ecossistemas costeiros”.
“Estes interesses imobiliários em toda a península de Tróia, com 50 quilómetros de praias, dão a ideia de como os interesses económicos têm pisado os direitos das pessoas”, disse Francisco Louçã, defendendo a necessidade de “um urbanismo que não permita que seja só para alguns aquilo que é de todos”.Francisco Louçã falava aos jornalistas durante uma acção de rua, que também contou com as presenças de Alda Macedo, Fernando Rosas e Mariana Aiveca, no âmbito da campanha do Bloco de Esquerda sobre as alterações climáticas, em que os bloquistas colocaram um “cavalo de Tróia” na península com o mesmo nome em protesto “contra os condomínios de luxo que põem em risco os ecossistemas costeiros e dificultam o acesso da população às praias”.Com cerca de dois metros de altura, o cavalo de Tróia foi transportado em ombros pelas ruas da baixa de Setúbal, da Praça do Bocage até ao cais de embarque dos “ferry-boats”, de onde seguiu para a península de Tróia para ser colocado junto aos prédios construídos junto à futura marina, em fase de construção.“Trata-se de uma iniciativa integrada na nossa campanha em torno das alterações climáticas, em que um dos grandes problemas com que estamos confrontados é a subida do nível do mar”, disse a deputada do BE Alda Macedo.Pressão imobiliária fragiliza costa“A nossa costa está particularmente frágil por causa do excesso de pressão do imobiliário e aquilo a que estamos a assistir é a um agravamento desta pressão imobiliária, que favorece os negócios associados ao turismo”, acrescentou Alda Macedo.O cavalo de Tróia que foi colocado na margem esquerda do rio Sado simboliza a contestação dos bloquistas ao que dizem ser “grandes empreendimentos imobiliários disfarçados de projectos turísticos”, como é o caso do Tróiaresort.“O Tróiaresort, que foi dos primeiros projectos a serem licenciados, em 2005, é na verdade um grande empreendimento imobiliário”, disse Alda Macedo, advertindo para as consequências negativas destes grandes empreendimentos imobiliários para as pessoas e para o ambiente.“Por um lado agravam o que os planos de ordenamento da orla costeira reconhecem como uma necessidade – diminuir a pressão na orla costeira –, e por outro privam a população de um acesso fácil e directo ao usufruto das praias e da paisagem”, conclui a deputada do BE.Durante a tarde, o Bloco de Esquerda promove outra acção de rua integrada na campanha sobre as alterações climáticas na Costa da Caparica, que designou como “Inauguração de um projecto PIN - Hotel flutuante 7 estrelas”, que pretende ser uma alerta para o avanço do mar nas zonas costeiras.

In: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1299462&idCanal=12

Duas semanas após eleições, Timor Leste segue sem governo

Díli, 13 Jul (Lusa) - 14:16:41

- Os líderes partidários do Timor Leste ainda não chegaram a consenso sobre a formação do novo governo, após as eleições legislativas de 30 de junho, que deram vitória sem maioria (29%) à Fretilin, que governava o país até a crise de abril/maio de 2006. Após reunião liderada pelo presidente José Ramos Horta nesta sexta-feira, a única decisão anunciada foi a de que o Parlamento do Timor Leste se reúne pela primeira vez em 30 de julho.
"O resultado significativo desta reunião é que concordamos que o presidente do nosso Parlamento (Francisco Guterres, o Lu Olo), com base nas suas prerrogativas, convocará a primeira reunião para 30 de julho", declarou Ramos Horta.
"Daqui até lá, os partidos políticos continuarão a falar. Um passo positivo dado hoje foi que a Fretilin e a Aliança para Maioria Parlamentar encontraram-se sob a minha iniciativa pela primeira vez", salientou o chefe de Estado.
Os quatro principais partidos derrotados nas legislativas formaram esta semana a Aliança para Maioria Parlamentar (AMP), propondo formar um governo em alternativa à Fretilin.Novo governo.
Na avaliação de José Ramos Horta, a reunião desta sexta-feira, que começou de manhã e só terminou às 15h30 locais, não fracassou, uma vez que a formação do novo governo não era o ponto principal da agenda."Não tem que ser hoje", afirmou o presidente. "Em qual país do mundo, sobretudo pós-conflito, é que o governo é formado dois ou três dias após a confirmação do resultado pelo Tribunal de Recurso?", interrogou José Ramos Horta."A Constituição dá uma latitude de dois meses para formação de governo. Por que é que eu tenho hoje mesmo de sair com um governo? Nunca disse isso. Vamos continuar com o diálogo", acrescentou o chefe de Estado.
"Não haverá governo enquanto o novo Parlamento não entrar em funções", concluiu o presidente.
Ramos Horta afirmou que a reunião ocorreu "num ambiente muito caloroso", sem o eco das críticas e acusações que os líderes dos principais partidos "têm dirigido entre si através da imprensa".

In: http://www.agencialusa.com.br/index.php?iden=9288

José Sócrates

É um texto longo mas penso que vale a pena ler. Afinal é um modo de melhor ficarmos a conhecer a vida, amizades, caminhos políticos, negócios,... de quem nos governa e tem governado há vários anos.
P.S. - Se não tiverem tempo ou pachorra para ler tudo de seguida, leiam-nos aos bocados, pra não se cansarem tanto ( até o dividi em cores pra facilitar), hehehe!

Beijinho
Laumalai

Diário de Noticias de 23/01/05

Há vinte anos, ninguém suporia que José Sócrates havia de ser político de altos voos. Há vinte anos, precisamente - 1985 foi o período mais negro da biografia política do actual candidato socialista ao cargo de primeiro-ministro. Dois anos antes, o jovem Zé tinha conquistado a federação do PS de Castelo Branco, para espanto de todo o partido e, sobretudo, de Mário Soares, que com esse resultado sofria a primeira derrota às mãos de Guterres, Constâncio, Sampaio e companhia, os opositores do soarismo que ficaram conhecidos como o grupo do ex-Secretariado. Quando ganhou a federação de Castelo Branco, Sócrates era um rapaz de 25 anos de quem se sabia três coisas tinha mais ambição que currículo, vinha da Covilhã e era protegido de António Guterres.
Em 1985, enfrentava por fim os seus primeiros embates eleitorais como líder distrital. Foi o desastre. Nas legislativas, o PS albicastrense teve o seu pior resultado de sempre, cilindrado pelo PRD. Com 16%, os socialistas viram-se reduzidos a apenas um parlamentar - do mal o menos, Guterres conseguiu voltar ao Parlamento, de onde tinha sido afastado por Soares.
Ainda Sócrates lambia as feridas das legislativas quando lhe caiu em cima o desaire seguinte nas autárquicas o PSD conquistou seis dos onze concelhos do distrito e o PS ficou reduzido a três câmaras. Como se não bastasse, Zé perdeu onde mais lhe doía: a Covilhã, o seu concelho, cuja câmara era socialista desde 1975. A vitória do PSD na Covilhã já era má notícia, mas a coisa foi pior. Nessa noite fria de Dezembro, enquanto Sócrates deitava contas à derrota, o seu pai festejava com os vencedores. Também ele tinha ganho: o arquitecto Pinto de Sousa era o número dois da lista do PSD para a câmara da Covilhã. Ajudou a derrotar o filho Zé.Fernando Pinto de Sousa era um histórico do PSD da Covilhã. Ainda a revolução fumegava e já o arquitecto, homem respeitado na cidade, ajudava a fundar o PPD no concelho. O seu empenhamento político e cívico vinha dos tempos da ditadura era leitor da Seara Nova, acompanhava as iniciativas da Sedes, e assumia-se como "um grande admirador" de Francisco Sá Carneiro, cujos passos políticos acompanhava desde os tempos da Ala Liberal. "Admirava-lhe a capacidade de lutar pela democracia mesmo na Assembleia Nacional, no seio da ditadura", conta ao DN.
Quando o regime caiu, Pinto de Sousa pôs mãos à obra lançou o PPD na Covilhã e tomou conta dos destinos do partido no concelho entre 1975 e 1977. Numa terra de tradição operária, que era conhecida como a Manchester portuguesa, pelo peso da industrial têxtil, os militantes do PPD podiam ser poucos, mas eram bons e sabiam resistir. Na JSD, havia mais um punhado de rapazes que ajudava a fazer as campanhas e a colar cartazes. José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa era um deles.
Sócrates tinha 16 anos quando aconteceu o 25 de Abril e já trazia de casa o gosto pelas coisas da política. Filho de pais separados (a mãe, a irmã e o irmão viviam em Cascais), tinha compreendido com o pai, com quem vivia, o que era a segregação social da Covilhã, onde os dez mil operários das fábricas de lanifícios não podiam frequentar os mesmos cafés que os patrões. Pouco tempo antes da revolução, as aulas de filosofia e sociologia do antigo 7.º ano (o actual 11.º) despertaram-no para leituras inesperadas e começou a pegar nos livros proibidos que o pai tinha na sua biblioteca. Impressionou-se com um, em particular O Socialismo Reformista, de Edward Bernstein, um dos autores sociais-democratas de quem o pai era adepto. Da obra de Bernstein, Sócrates ainda hoje tem na ponta da língua uma citação "A democracia é o reino do compromisso".
A biblioteca de Pinto de Sousa era um oásis. "Eu encomendava livros do estrangeiro através da Seara Nova", conta o pai do actual líder do PS. Apesar do fascínio pela social-democracia, o pai procurava ler tudo e o seu Zé "lia o que queria dos livros que estavam nas estantes. Ele lia com bastante sofreguidão", recorda o progenitor. "Nunca o condicionei, sempre fui muito tolerante e dei-lhe grande liberdade".
A exaltação dos tempos revolucionários aumentou no jovem Sócrates a sofreguidão por leituras políticas e debates. "No liceu e nos cafés, só se falava de política", recorda Jorge Patrão, o amigo de infância que levou Sócrates a filiar-se na JSD.
Jorge inscreveu-se em Junho de 74, Zé seguiu-o poucos meses depois, inebriado pela social-democracia do nome do partido. O comunismo é que nunca os encantou. "O nosso modelo eram as sociedades nórdicas como alternativa aos regimes marxistas, porque valorizávamos mais a iniciativa privada", conta Jorge Patrão.
Mesmo miúdo, José Sócrates já discutia política com sangue na guelra. "Sempre foi muito teimoso e adorava uma boa discussão, um bom debate. Ele sempre teve sentido de competição, mas tinha bom perder e bom ganhar", relata o amigo Jorge.
Nas intermináveis discussões sobre democracia, experiências políticas e modelos de sociedade, também participava Luís Patrão, irmão mais velho de Jorge, que estudava Direito em Coimbra. Nas férias, Luís trazia relatos da cidade dos estudantes que aguçavam nos outros o bichinho da política. Falava-lhes do que ouvia nas aulas de Vital Moreira e de Gomes Canotilho, apresentava-lhes outros livros e outros autores. "Julgo que essas conversas também foram importantes para os despertar para uma consciência reformista", considera Luís Patrão, que, anos mais tarde, seria chefe de gabinete de António Guterres, em São Bento, e actualmente desempenha a mesma função na sede do PS ao lado do amigo Sócrates.
Nas conversas de café, até às tantas, o jovem Zé já demonstrava algumas das características que hoje lhe conhecemos a combatividade, o verbo fácil, a boa memória para citações. "Tinha uma cultura geral acima da média e estava bem preparado para o debate político", conta Jorge Patrão. E vontade de ir para o terreno. Em 75, Sócrates andou ao lado de Pedro Roseta, cabeça de lista do PSD por Castelo Branco nas eleições para a Assembleia Constituinte.
Em Dezembro de 75, Patrão e Sócrates foram ao congresso de Aveiro, o primeiro e último do PSD em que participaram. Para eles, a referência partidária nem era Sá Carneiro, que pouco lhes dizia, mas Emídio Guerreiro, o rosto da ala esquerda do partido. Mas nesse congresso Guerreiro bateu com a porta e, com ele, saíram mais uns quantos militantes. Entre eles, os dois "jotas" da Covilhã. Na semana a seguir ao congresso, Jorge e José comunicaram ao PSD local que abandonavam a militância. Fernando Pinto de Sousa, presidente da concelhia social-democrata, nem queria acreditar.Pouco depois da ruptura com o PSD, José Sócrates saiu da Covilhã para ir estudar para Coimbra. Com 17 anos, o rapaz pouco conhecia do mundo. Costumava ir duas vezes por ano (na Páscoa e no Verão) em peregrinação familiar a Vilar de Maçada, Trás-os Montes, a terra paterna, de onde Sócrates também é natural, segundo a informação do seu BI (de facto, o líder socialista nasceu no Porto, a 6 de Setembro de 1957, mas o pai fez questão de o registar na sua aldeia transmontana). Para além da Serra da Estrela, das serras de Trás-os-Montes e do que havia pelo meio, José Sócrates pouco tinha visto quando fez as malas e se meteu no Fiat 127 de Luís Patrão, para iniciar o bacharelato em Engenharia Civil.
Foi no dia 25 de Novembro de 1975 que Sócrates fez as quatro horas de viagem até Coimbra. Mal chegaram à cidade, mergulharam na efervescência do PREC. "Quando chegámos a Coimbra, fomos logo para uma manifestação de apoio ao 25 de Novembro, que nem sabíamos bem o que era", conta Luís Patrão, que já era, por essa altura, dirigente da Associação Académica.
Estabilizada a situação e passado o frenesim do PREC, Sócrates dedicou-se mais aos estudos que às políticas. Estava divorciado do PSD e ainda longe de se enamorar do PS, apesar das investidas dos irmãos Jorge e Luís Patrão, ambos já militantes socialistas.
A passagem de José Sócrates por Coimbra tem pouca história. Sócrates não sabia o que queria ser, nem pensava muito nisso, e engenharia civil parecia-lhe um curso tão bom como outro qualquer. A opção teve mais a ver com a influência do pai do que com a tendência do filho e os três anos de bacharelato cumpriram-se com eficácia, mas sem particular brilho.
Sócrates era um bom aluno desde a escola primária, embora pouco dedicado. "Era muito distraído e irrequieto", conta o pai. "Nunca o via a estudar, em casa nunca abria um livro da escola, e fazia sempre o mínimo indispensável. Preferia jogar bilhar com os amigos. Mas ele assimilava a matéria toda e tinha sempre bons resultados, por isso…" Jorge Patrão confirma que o amigo "foi sempre um bom aluno, mas nunca foi marrão". Continuou a ser assim em Coimbra.Joaquim Valente, um dos amigos que Sócrates fez na sua turma do ISEC (Instituto Superior de Engenharia de Coimbra), conta que "o puto não era marrão, quase não precisava de estudar, mas era o mais inteligente da turma".
À semelhança da generalidade dos colegas, Sócrates era pouco praticante das primeiras aulas da manhã - essas horas eram preciosas para recuperar sono, caso na noite anterior tivesse ido com os amigos a uma boîte. A discoteca da moda era o Etc, o bar era o Triana e Sócrates por lá andava, com o seu grupo de amigos.
A saída de Sócrates junto do público feminino era considerável. O rapaz, que era um apaixonado por poesia, declamava-lhes poemas e "levava-as com a conversa", conta outro companheiro desses tempos, que pediu para não ser identificado. "Quando chegávamos a um bar, nós íamos beber e ele ia engatar", recorda o mesmo amigo. "Era um sucesso!"
José Sócrates nunca foi homem de excessos, nem quando tinha idade para isso. Bebia com moderação, ficava até às tantas à conversa com os amigos à volta dos copos de cerveja e uísque, mas passava para a água ou Coca-Cola quando os outros ainda estavam a aquecer a garganta. "Era moderado nos hábitos, mas experimentou o que tinha que experimentar", conta um colega de aventuras. Não morre ignorante, isso é certo. Aos 20 anos fez as primeiras férias no estrangeiro (três semanas na vindima em França) e, nas viagens seguintes, conforme já contou em entrevistas, não deixou de visitar os coffee-shops de Amesterdão. Foi um jovem do seu tempo, como costuma dizer.
Quando voltou à Covilhã, em 1981, Sócrates já tinha complementado o bacharelato com a licenciatura, em Lisboa. Entrou para os quadros da câmara municipal e filiou-se na Juventude Socialista e no PS pela mão do amigo Jorge Patrão. Seguia com entusiasmo a guerra entre o soaristas e o ex-Secretariado, torcendo pelo lado de António Guterres, homem com origens no Fundão, concelho vizinho da Covilhã.
Em 1983, quando acontece o congresso da federação de Castelo Branco, Sócrates quer ser delegado, mas um desentendimento com os "representantes oficiais" do ex-Secretariado na Covilhã leva-o a promover, com Jorge Patrão, uma lista autónoma, apoiada na JS local. A mobilização dos "jotas" deu frutos foi a lista mais votada.Com 21 delegados, a Covilhã era o concelho com mais peso no congresso da federação e Guterres viu aí o seu cavalo de Tróia para conquistar a distrital de Castelo Branco. Só faltava ter um candidato. Guterres nunca tinha visto Sócrates mais gordo, mas apostou nele.
O primeiro passo para a vitória foi conseguir o pleno na sua terra. Para isso, Sócrates puxou pela tradicional rivalidade com Castelo Branco e convenceu os delegados afectos à ala soarista que já era tempo da federação ser dirigida por alguém da Covilhã. Com 21 votos garantidos, Guterres pegou em Sócrates pela mão e apresentou-o a tutti quanti pelas secções de Castelo Branco. Venceram o congresso por dois votos. Nesse dia, Sócrates foi admitido no famoso sótão onde Guterres e companhia conspiravam contra Soares.
Edite Estrela, guterrista incondicional, conheceu-o por essa altura. A fama precedia-o "Lembro-me de me terem falado nele por causa do resultado de Castelo Branco. O que mais me impressionou foi o seu carácter determinado, lutador. Tinha uma grande força anímica e uma formação política sólida." Edite, que com os anos se tornou uma das melhores amigas de Sócrates, não hesita em considerá-lo "um dos nossos políticos mais cultos".
Os primeiros embates eleitorais de Sócrates como líder federativo, as legislativas e as autárquicas de 1985, foram uma hecatombe, já se escreveu. Mas os tempos eram outros, e os partidos eram menos adeptos das chicotadas psicológicas. Com duas enormes derrotas em cima, José Sócrates não se demitiu da distrital de Castelo Branco, nem foi demitido. Sabia o que queria e para o conseguir só precisava de aguentar. Dez anos depois, o PS já tinha triplicado os votos em Castelo Branco, distrito onde continua a ser, de longe, o partido mais votado.
Sócrates não esqueceu na política do que aprendeu a esquiar não desanimar com os primeiros trambolhões. Ele nunca desanimou, garante o homem que o ensinou a aguentar-se em cima dos esquis no início dos anos 80. Foi José Hermínio, dono duma loja de artigos desportivos no centro da Covilhã, quem pela primeira vez levou "o Zé" para a Serra Nevada, onde confirmou a têmpera do amigo: "Ele caía e levantava-se logo. Ele continuou, continuou, até começar a tomar o jeito. O Zé sempre teve muita força de vontade e capacidade para aprender".
Hoje o esqui é um dos desportos de eleição de Sócrates e um dos seus escapes favoritos. Mas, de todos os desportos que praticou ao longo da vida, a esgrima terá sido o mais útil a Sócrates. Nem o fôlego da natação, nem o músculo da maratona, nem a vertigem do esqui, nem a visão de jogo do bilhar o prepararam tão bem para a política como os treinos com o florete. Na Federação de Esgrima da Associação Académica de Coimbra, na segunda metade dos anos 70, o jovem Zé aprendeu bem a lição que hoje lhe pode ser útil na política a subtileza dos movimentos, a frieza da espera, a rapidez de reflexos, a força do ataque, a acuidade dos sentidos.O estágio de Sócrates para a política de primeira divisão foi feito no Parlamento, onde chegou em 1987. Apesar de não se ter distinguido por uma oratória reluzente ou por invulgares capacidades de trabalho parlamentar, Sócrates tem no currículo, nesses anos, algumas intervenções importantes, que não se cansa de referir quando fala do seu passado. Foi ele o primeiro deputado a levar ao hemiciclo a questão da sida. Foi também ele, com o amigo Armando Vara, quem apresentou o projecto de lei que permitiu a divulgação de sondagens durante as campanhas eleitorais.
Esse trabalho discreto, aliado a uma boa relação com os jornalistas e um sentido agudo da agenda mediática e dos temas emergentes permitiram-lhe alguns brilharetes. Em 1988, o Expresso elegeu-o "deputado-revelação". Sócrates tinha 30 anos, movia-se bem no aparelho do PS, era simpático e bem parecido mas continuava a ser visto em São Bento como um produto do aparelho socialista.
Enquanto a carreira política de Sócrates se ia solidificando, a sua vida pessoal foi marcada por dois acontecimentos. Em 1988 morreu num acidente a sua irmã mais velha, Ana Maria. A tragédia marcou-o para sempre. "Fez diminuir o meu interesse pela vida", confessou mais tarde o líder do PS. Em 1993, casou-se, apadrinhado pelos amigos Laurentino Dias e Edite Estrela. Desse casamento, que entretanto acabou, Sócrates tem dois filhos José Miguel e Eduardo.
É nesses primeiros anos da década de 90 que o pai lhe diagnostica "uma reviravolta de 180 graus no seu comportamento ele era terrivelmente desorganizado, sem tempo para cumprir os seus deveres do dia-a-dia, mas passou a ser metódico e organizado. Foi uma mudança radical e inesperada, para meu espanto e grande alegria."
Apesar do esforço de organização e método, Sócrates evitou passos em falso, como o negócio em que entrou com o amigo Vara numa empresa de distribuição de combustíveis. Em 1990 os dois deputados do PS tornaram-se sócios da Sovenco - Sociedade de Venda de Combustíveis, com outros três parceiros, um dos quais, anos depois, havia de dar pano para mangas nos jornais Virgílio de Sousa, condenado a prisão por um processo de corrupção no centro de exames de condução de Tábua. A aventura empresarial de Sócrates foi curta (menos de um ano) e literalmente para esquecer: no ano passado, quando a revista Focus desenterrou esse episódio, o socialista jurou que estava a ouvir falar dessa empresa "pela primeira vez". Só após algum esforço de memória se lembrou que tinha sido sócio.José Sócrates levou muitos anos a livrar-se do preconceito de ser um "Guterres boy". Quando Guterres ganhou as eleições, em 1995, e o levou para o Governo, a escolha foi entendida como um prémio de bom comportamento para um dos seus fiéis. Quando fez o balanço do primeiro ano do governo de Guterres, o Expresso, o mesmo jornal que uns anos antes tinha escolhido Sócrates como "deputado-revelação", não escondia a surpresa com o desempenho do político da Covilhã "Jovem quadro socialista, que ninguém levava muito a sério, [Sócrates] foi premiado com a Secretaria de Estado do Ambiente, pelo apoio incondicional a Guterres, assumindo aos poucos uma visibilidade que rivaliza com a da ministra."
O primeiro ano de Sócrates no Governo conseguiu uma notável unanimidade na imprensa. Escrevia o DN "Ter empenhamento, ideias e capacidade, além de muita experiência política, foram precisamente os trunfos de José Sócrates, neste momento a figura emblemática do ministério [do Ambiente]". E o Público "Só José Sócrates, aquele de quem menos se esperava, surpreendeu pela positiva [no Ministério do Ambiente]".
Foi ainda durante a liderança de Jorge Sampaio que Sócrates tomou conta da área do Ambiente no PS. O partido não tinha porta-voz para esse sector e Guterres, que então era o patrão da estrutura socialista, sugeriu que o seu amigo da Covilhã podia dar conta do recado. Sócrates pouco sabia do assunto, mas não deixou escapar a oportunidade - percebeu que era uma área de futuro, uma preocupação emergente na sociedade e que lhe podia dar projecção, tal como tinha acontecido com Carlos Pimenta, do PSD. Assumiu o encargo, estudou dossiês, falou com quem sabia do assunto. Quando Guterres promoveu os Estados Gerais, para o ataque final ao cavaquismo, Sócrates tinha o trabalho feito o PS apresentava uma política de Ambiente avalizada por algumas sumidades do sector.
Até seria natural se fosse Sócrates o escolhido para ministro do sector. Depois da vitória eleitoral, Guterres conversou com o seu amigo e ambos concordaram que o Ambiente devia ser entregue a alguém com outro currículo, talvez mesmo de fora do partido. Por enquanto, Sócrates seria apenas secretário de Estado, tal como António Costa, Armando Vara ou António José Seguro, todos "compagnons de route" da sua geração. Assim, quando Elisa Ferreira foi convidada para ministra do Ambiente, Guterres comunicou-lhe que a aceitação do cargo implicava a aceitação de Sócrates como secretário de Estado.
Elisa era uma outsider, que mal conhecia o primeiro-ministro e não tinha experiência política. O seu número dois, pelo contrário, tinha acesso directo a Guterres, de quem era amigo pessoal, e na biografia já contava muito anos de política. Os desentendimentos entre a ministra e o secretário de Estado começaram logo na delegação de competências e as desconfianças mútuas nunca foram superadas enquanto Elisa e Sócrates coabitaram no ministério da Rua do Século. Dez anos depois, a ex-ministra desvaloriza os incidentes, à luz do "excelente trabalho" que ambos fizeram. "Nunca houve um conflito factual, que se possa chamar assim", diz. Mas reconhece que "era natural que [Sócrates] tivesse a ambição de ascender ao lugar que eu ocupava, como, aliás, acabou por acontecer. É nesse enquadramento que eu entendo as notícias que saíam sobre alegados conflitos."
Curiosamente, na recente disputa interna pela liderança do PS, o texto mais duro sobre Sócrates foi escrito por Fernando Freire de Sousa, marido de Elisa Ferreira e, também ele, secretário de Estado no primeiro Governo de Guterres. Chamou a Sócrates "o único ministro entertainer da nossa história", "um produto programado e tenso" que, "com toda a sua ambição, não regateia o uso do inacreditável para lhe servir os fins".
Como secretário de Estado do Ambiente, José Sócrates demonstrou que era mais do que um fiel de Guterres alcandorado pela máquina partidária. Destacou-se pela determinação com que enfrentou lobis e tomou decisões emblemáticas, sobretudo na área da defesa do consumidor, território quase inexplorado que o governante agarrou com as duas mãos. Obrigou a poderosa Portugal Telecom a aceitar a facturação detalhada, impôs a actualização automática dos prémios do seguro automóvel, obrigou à devolução das cauções dos telefones e da electricidade e introduziu os autocolantes "Publicidade? Não obrigado", contra a propaganda não endereçada nas caixas de correio. Na área dos resíduos, ditou o fim das lixeiras e impulsionou políticas de reciclagem.Em 1997, quando Guterres o convidou para ministro adjunto do primeiro-ministro, Sócrates tinha acumulado um capital político impensável apenas dois anos antes. O inesperado abandono do governo por parte de António Vitorino obrigou o primeiro-ministro a dar pastas ministeriais a dois dos quadros socialistas que tinham ficado na segunda linha na formação do Executivo António Costa e José Sócrates. O primeiro ficou com os Assuntos Parlamentares, o segundo mudou-se para São Bento, como adjunto de Guterres.
No primeiro andar da residência oficial de São Bento, o primeiro-ministro e o ministro-adjunto trabalhavam porta com porta. Nunca estiveram tão próximos como nesses dois anos em que Sócrates se tornou um dos principais conselheiros de Guterres. É claro que Vitorino, mesmo fora do governo, continuava a ser ouvido; Jorge Coelho também, mas as suas novas tarefas de ministro da Administração Interna davam-lhe menos vagar para a política pura. No rol dos conselheiros mis próximos de Guterres incluíam-se ainda Guilherme d'Oliveira Martins e Pina Moura, mas nenhum estava na porta ao lado. Para falar com Sócrates, bastava a Guterres entrar-lhe no gabinete ou chamá-lo e era comum fazer tanto uma coisa como outra.
Estavam tão próximos que Guterres sabia sempre quando a vida corria mal ao seu ministro era sempre que este levantava a voz com os seus colaboradores. José Sócrates sempre ferveu em pouca água e ai de quem não esteja à altura das suas expectativas ou o contrarie sem que este lhe reconheça razão. Solta-se então o "animal feroz" de que falou na sua célebre entrevista ao Expresso.
"Ele é superfrontal e nunca terá uma úlcera, porque diz tudo o que pensa", afirma Maria Rui, sua assessora de imprensa e confidente há oito anos. Esta ex-jornalista, que conhece Sócrates como poucas pessoas, assegura que o chefe não tem mau feitio. A questão é outra, diz "Quando ele berra tem sempre razão".
O próprio já reconheceu numa entrevista que é "um osso duro de roer". Mas assegura que aprendeu as vantagens da temperança com o seu amigo primeiro-ministro. "Algumas vezes vim a verificar que uma atitude mais prudente de Guterres se tinha mostrado mais adequada do que uma certa impulsividade minha", confessou ao DNA.
Luís Patrão admite que o amigo "é absolutamente cioso das suas opiniões e da necessidade de as executar", e Edite Estrela reconhece que o candidato a primeiro-ministro "é transmontano no sentido de antes quebrar que torcer. Não contemporiza e é pouco flexível". Mas quase todos os seus amigos sublinham que Sócrates não é teimoso, é antes "determinado". Quase todos, menos um, Jorge Patrão, que aponta a "teimosia desmesurada" como o seu maior defeito.
Sócrates gosta pouco de ser apenas um homem de bastidores. Em São Bento, para além das tarefas de coordenação do Governo, fez questão de manter algumas áreas sectoriais continuou com a pasta da defesa do consumidor, a que acrescentou a juventude, o desporto e a política de combate à droga. Foi nestes dois pelouros que Sócrates mais se distinguiu. No desporto, entre vários brilharetes, lançou a candidatura de Portugal à organização do Euro 2004. A ideia, que a princípio parecia megalómana, provou ter pernas para andar, muito à conta do empenhamento pessoal do ministro. "Não tenho a menor dúvida de que, sem ele, dificilmente Portugal teria ganho. Para a decisão da UEFA contou muito o empenhamento do Governo português através do ministro José Sócrates", testemunha Pedro Silva Pereira, actual braço-direito do líder socialista, que o acompanha desde os tempos da Secretaria de Estado do Ambiente.
Na área do combate à droga, Sócrates lançou algo de inédito no País uma política integrada para a toxicodependência, que aposta- va na redução de riscos (nomeadamente através da vulgarização da substituição por metadona e do alargamento da troca de seringas) e na despenalização do consumo.
Apesar do trabalho feito nestes sectores, o activo político de que Sócrates mais se orgulha hoje é na área do Ambiente, à qual voltou depois das eleições de 1999, já como ministro. Aprovou o Programa Polis de recuperação urbana, completou a Rede Natura, deixou pronto o Plano Nacional das Bacias, o Plano de Ordenamento da Orla Costeira e o Plano Nacional da Água e travou a construção de um grande empreendimento turístico no Meco. Mas não conseguiu impor a co-incineração, uma batalha em que não torceu, mas também não levou a sua adiante.A decisão de co-incinerar resíduos industriais perigosos nas cimenteiras de Souselas e Maceira era, à partida, polémica, mas o estilo buldozer com que Sócrates a quis impor comprometeu qualquer hipótese de sucesso. Contra ele, teve as populações dos concelhos escolhidos, claro, mas também os ambientalistas, que em tempos se tinham encantado com ele, e até os socialistas de Coimbra, capitaneados pelo tonitruante Manuel Alegre. Do deputado socialista, ficaram palavras duras acusou-o de "prepotência política" e até comparou o seu estilo "quero, posso e mando" com o autoritarismo de Cavaco.
Do lado dos ambientalistas, o embate também deixou mossa. A Quercus chegou a romper relações com o ministro do Ambiente, depois duma reunião em que Sócrates mal começou a ser contrariado, aumentou o volume de voz. Os jornalistas que estavam na sala ao lado da reunião lembram-se ainda hoje do tom exaltado com que Sócrates respondia às objecções dos ambientalistas. Ficou o caldo entornado. "O ministro queria mostrar que era muito determinado, tinha pressa de tomar decisões e tornou-se intransigente", recorda Francisco Ferreira, da Quercus. Longe iam os tempos em que Sócrates era um solícito secretário de Estado do Ambiente. "Nessa fase, ele pegou em dossiês decisivos e conseguiu marcar a diferença com uma postura de grande abertura. Ouvia e tinha em conta as diferentes opiniões. Quando passou a ministro, mudou, deixou de ouvir quem estava em desacordo".
Não é bem assim, diz quem trabalha com Sócrates. Segundo Pedro Silva Pereira, o líder socialista ouve muito quando está a formar opinião. "Ele é um político com convicções, mas que é capaz de as testar no confronto com outras opiniões. Ouve muita gente com pontos de vista diferentes, mas quando toma uma decisão, é determinado na execução." O porta-voz do PS assegura que Sócrates só decide quando está seguro da argumentação. "Ele é muito exigente consigo próprio, prepara-se bastante antes de decidir e antes de falar, acha que isso é condição para o exercício competente da política."
Que Sócrates se prepara antes de falar, ficou claro nos debates semanal com Pedro Santana Lopes, aos domingos, na RTP. Uns anos antes tinha-se estreado como político-comentador na SIC, a convite dos amigos Emídio Rangel e Margarida Marante. Nessa primeira experiência, tinha como interlocutores Paulo Portas e Daniel Proença de Carvalho. O advogado guarda desse convívio semanal na SIC uma boa impressão do socialista "Aparecia muito bem preparado sobre todos os temas, levava sempre um dossiêzinho e muitos apontamentos, nunca se deixava apanhar desprevenido. Não era um improvisador, mas também não ficava em dificuldades se surgisse algo inesperado".Quando Rangel se transferiu para a RTP, convidou Sócrates para fazer frente a Santana. O PSD já estava no Governo, Santana era presidente da Câmara de Lisboa e Sócrates era deputado da oposição.
O socialista não deixou escapar a oportunidade com o PS debilitado, podia mostrar-se ao país. O Ambiente tinha-lhe dado alguma notoriedade e, sobretudo, uma preciosa rede de cumplicidades entre os autarcas e as estruturas locais do PS, mas a televisão é que o faria entrar em casa do povo. Ao longo da semana, ia tomando notas e ouvindo recomendações de amigos e, ao domingo, passava a manhã a preparar o argumentário para defrontar Santana.
Deu-se bem com a experiência. Passou a ser um dos rostos mais conhecidos do PS e, dentro do partido, que se ia afundando no processo Casa Pia, uma mão cheia de entusiastas ia passando a mensagem de que "o Sócrates" é que era o homem certo para suceder a Ferro Rodrigues. Enquanto Fernando Serrasqueiro, Mota Andrade, Ascenso Simões, Laurentino Dias, tudo gente influente nas bases, iam fazendo passar a boa-nova, enquanto José Lello, Jaime Gama e Pina Moura iam dando fôlego à alternativa, Sócrates mantinha uma prudente distância. Ia percorrendo estruturas locais do PS, na qualidade de membro da direcção de Ferro e em nome da unidade socialista. Quando Ferro caiu, tudo estava preparado e só a resistência de Manuel Alegre impediu que Sócrates percorresse uma passadeira vermelha.
Jorge Sampaio obrigou-o a medir forças com Santana Lopes mais cedo do que esperava. E hoje é José Sócrates quem recusa alimentar o gosto do seu oponente por frente- -a-frentes televisivos. O socialista, como é seu hábito, estudou bem a lição - vem nos livros que quem está em vantagem não se coloca no mesmo plano do adversário nem lhe dá a mão. O erro, a existir, foi de Santana, mas não por falta de bons conselhos. Antes de começarem os debates dominicais com Sócrates, Einhart da Paz, o brasileiro que trata da imagem do líder do PSD, tentou demovê-lo. "Você está criando um monstro", alertou o publicitário. Santana não lhe deu ouvidos. Sorte de Sócrates.

Afixado por cadsf em junho 12, 2005 07:33 PM

In: http://weblog.com.pt/MT/come2x.cgi?entry_id=198400

Vamos se observadores!

Estas crianças portuguesas necessitam de ser encontradas. Todos somos responsáveis por elas e pela sua procura.
Visitem:
http://www.myspace.com/portugueselostchildren

FM e Laumalai

Que Dor, Meu Querido Timor!

Em Timor, um país animista por natureza e aculturado pela Igreja Católica, onde antes se encontrava comida na beira da estrada, hoje há crianças sub-nutridas, a morrer de fome por várias razões das quais destaco:
1- Os indonésios contaminaram várias culturas com doenças nunca antes existentes no território e ninguém ensina os timorenses a tratar essas culturas de modo a tornarem-se viáveis.
2- As alterações climáticas provocadas pelos malefícios da humanidade sobre a natureza têm provocado chuvas fora de época e secas, que destroem culturas inteiras.
3- As pessoas não têm conhecimentos sobre controlo da natalidade e mesmo vivendo na miséria chegam a ter 5, 6 e mais filhos,não tendo como os alimentar, uma vez que os pais também não têm como se alimentar a si próprios. Chegando ao ponto de serem outras mulheres a levar as crianças aos médicos que dão apoio em algumas ONGs por terem vergonha de não poderem alimentar os próprios filhos.
4- Devido à grande devoção pela igreja católica, quase ninguém usa preservativos porque ou nem sequer têm conhecimento de que existem, ou pensam que são coisas do inferno ou simplesmente porque se não há dinheiro sequer pra comprar arroz, muito menos há para essas coisas que não são de Deus.
...
Eu acredito em Deus à minha maneira, mas nunca fui de me aliar a Igrejas, embora respeite as crenças de cada um, e sei de padres católicos ou de outros cultos, que embora seguindo certas ideias religiosas com as quais não concordo, voluntáriamente têm feito um grande trabalho de apoio à população tentando minimizar o sofrimento.
No entanto a Igreja Católica é quanto a mim uma Vergonha para Deus (Deus me perdoe se estou a errar, mas é o que penso), pois sendo o estado mais rico do mundo, tendo enriquecido à custa do povo que segue as suas crenças e que tantas doações tem feito aos seus cofres, para além dos negócios obscuros do próprio Vaticano, nada mais faz do que apregoar com umas palavrinhas mansas ditas pelo papa ou por uns bispos bem gorduchos..., a viver do bom e do melhor, do género " rezemos pela paz no mundo" ou " temos que ajudar os necessitados"...
Ora isso todos nós sabemos, mas não somos nós que temos as posses para o fazer.
O meu marido costuma dizer-me " é por isso que nunca te há-de sair o euromilhões, ficavas sem nada em meia dúzia de dias porque distribuias o dinheiro todo". Acho que ele tem razão, quem me dera ter meia dúzia dos milhões que alguns têm, para poder ajudar as pessoas a organizar as suas vidas, dar-lhes formação a vários níveis profissionais... de modo a saberem cuidar da sua subsistência, sem os tentar dominar, mantendo as suas belas culturas. Mas acho que para mim isto será sempre e apenas um sonho que nunca poderei concretizar.
Infelizmente, sinto que o meu enriquecimento espiritual está condicionado, pois assim nunca poderei ver a felicidade, o brilho nos olhos que as pessoas certamente teriam ao tornarem-se autónomas... posso sempre dar amor, o que também é uma ajuda, mas isso não enche barrigas e entretanto, a fome, a miséria e a doença continuam a avançar. Em Timor e pelo Mundo...


Laumalai