Hoje acordei bem cedinho, nem os drunfos da noite me valeram pra dormir sossegada. Só espero que os de dia (pra acordar) façam realmente efeito.
A excitação é demasiado grande porque afinal hoje é o primeiro dia de trabalhos da presidência portuguesa na UE, em que os nossos "queridos e competentes ministros" vão reunir com os Comissários Europeus pra discutir as várias negociações com a Rússia e a China, e muito mais importante, como vão distribuir os 21000 milhões de euros que Portugal vai receber até 2013, que vão ser os últimos tostõezitos que eles nos vão dar pra ajudar "o país a progredir".
Já sabemos que uma grande fatia desse "bolo" vai ser pra construir grandes obras, tipo TGV e aeroporto, mas falta distribuir o resto e isso tem que ser muito bem visto, né?!
Certamente vão aparecer por aí umas novas riquezitas.
E convém não esquecer que se as grandes obras são as atrás referidas, concerteza a educação, a saúde e a melhoria de vida dos portugueses (com as devidas excepções) não têm grande importância.
Afinal de contas, que importa se as escolas estão a fechar, se não estão devidamente equipadas, se em algumas chove dentro das salas ou faz um frio de rachar no inverno e um calor de sufocar no verão, se os professores são perseguidos, mal tratados e trabalham muitas horas a mais para além dos seus horários até chegarem ao esgotamento, se estão a elouquecer aos poucos, se recebem vencimentos bem abaixo dos dos seus colegas europeus, se levam porrada de alunos e de pais de alunos... pois até lhes vão ser vendidos computadores (chineses) por uns tostões apenas, daqueles que a ME está a mandar para as escolas e que temos que fazer o pino pra eles trabalharem, para além de todos os outros pinos que fazemos...
Que interessa se os portugueses morrem sem os devidos cuidados de saúde, especialmente se dependenrem dos Serviços Nacionais de Saúde e por isso tiverem que esperar por consultas ou cirúrgias, que quando chegam a pessoa já se foi, se vários centros de saúde fecharam e/ou vão fechar, se as maternidades fecharam e as parturientes vão ter os filhos ao país vizinho ou os têm no caminho, dentro de ambulâncias devidamente equipadas e devidamente assistidas por experientissímos bombeiros voluntários (que graças a Deus se têm conseguido safar no novo cargo que lhes compete), se os hospitais privados nascem como cogumelos mas já nem os deixam fazer acordos com os subsistemas de saúde que o governo pretende acabar, se descontamos para a saúde e tens que pagar os serviços que nos prestam, enquanto nos outros países, simplesmente não pagas nada...
Que interessa se o desemprego aumentou econtinua a aumentar, se os vencimentos dos portugueses são os mais baixos da europa, se os bens de primeira necessidade são mais caros ou quanto muito custam o mesmo que no país vizinho, que em Inglaterra... Se a pobreza aumenta, se o fosso entre ricos e pobres aumenta, se há fome, pessoas cada vez mais tristes, se a criminalidade aumenta, muitas vezes devida ao desespero outras devido à destruturação das famílias por causa dos enormes problemas que enfrentam...
Que interessa se as pessoas são perseguidas nos seus trabalhos, se lhes violam correspondência devidamente dirigida, apenas porque esta foi para o local de trabalho, se são exoneradas dos cargos que ocupam apesar de serem competentes apenas porque não concordam com o governo ou porque dizem piadas acerca... se andam amedrontadas e já pensam muito antes de falarem alguma coisita (afinal tem encargos familiares e os filhos não podem passar fome - mas às vezes passam e chegam às escolas sem comer)...
É melhor parar aqui. Vou para uma consulta de psiquiatria e dia 9 outra de psicoterapia e tenho esperança que pelo menos o psicólogo me ajude a compreender, senão todas, pelos menos algumas destas coisas que aos poucos me têm minado a alma e certamente também a de milhares, senão milhões de portugueses.

Um óptimo dia meus amigos e inimigos
Laumalai

P.S. Desculpem se encontrarem algum erro ortográfico, pois não tive tempo nem paciência para fazer correcções.