29/06/2007

Olaria - Arte Milenar no Feminino

Segundo alguns estudos efectuados, nomeadamente o teste do Carbono-14, a olaria existe em Timor há cerca de 4.500 anos.
Estranhamente, apesar da antiguidade desta arte e da abundância de matéria prima, a olaria parece ter estado sempre limitada a determinadas áreas do território, sendo a variedade de utensílios em barro relativamente escassa. A explicação para este facto poderá – talvez – residir na generosidade da Natureza em proporcionar outras matérias-primas para os mesmos fins como a madeira, o bambú e a casca de coco, bem como a expansão do comércio que acabou por introduzir na ilha recipientes fabricados nos mais diversos materiais como o ferro, o alumínio e o plástico.
Actualmente, a olaria parece ter sobrevivido apenas nas zonas de Manatuto, Suai e Lospalos, verificando-se um surgimento de novos objectos como cinzeiros e mealheiros ou outros meramente decorativos, para além de se continuarem a elaborar as panelas (Sana Rai), tigelas, vasos, pratos, taças bules e chávenas, cuja origem se perde no tempo.
Em Timor não existe a roda de oleiro e as técnicas utilizadas são das mais antigas do mundo. Todo o processo de fabrico depende única e exclusivamente da mulher. É a mulher timorense quem recolhe, selecciona e prepara os materiais, quem confecciona as peças, quem as coze e, finalmente, quem as vende no mercado. Em muitos casos é também a própria mulher quem se encarrega de conseguir a lenha ou os excrementos de búfalo necessários para a cozedura do barro.
Carmen Melo

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