Português versus bahasa indonésio
Durante o domínio português, quer na administração, quer no sistema de ensino, era usada exclusivamente a língua portuguesa, embora coexistindo, no dia-a-dia, com o tétum e com outras línguas. O português influenciou profundamente o tétum, especialmente o dialecto falado em Díli, conhecido como tétum-praça, que constitui actualmente a versão oficial da língua e a que se ensina nas escolas.Com a anexação do território pela Indonésia, o uso do português foi proibido, impondo-se a língua indonésia, idioma até então desconhecido no território. Por vezes o indonésio é referido em português como "bahasa", mas isso é incorrecto porque "bahasa" significa "língua" ("bahasa Indonesia" = língua indonésia, "bahasa tetun" = língua tétum, "bahasa portugis" = língua portuguesa). Durante 24 anos, toda uma geração de timorenses cresceu e foi educada nesta língua. O português sobreviveu, no entanto, como língua de resistência, usada pela Fretilin e pelas outras organizações da resistência nas suas comunicações internas e no contacto com o exterior. Este uso do português, muito mais do que do tétum, conferiu-lhe uma enorme carga simbólica.
Com o termo da ocupação e a independência de Timor-Leste em 20 de Maio de 2002, as novas autoridades do país fizeram questão de recuperar o idioma da antiga potência administrante. A Constituição reconhece ao português o estatuto de "língua oficial" ao lado do tétum.
Para os timorenses mais idosos, o bahasa é negativamente conotado com o regime repressivo de Suharto mas, por outro lado, muitos jovens têm-se mostrado adversos à reintrodução do português, visto como "língua colonial", um pouco como os indonésios vêem o holandês. No entanto, enquanto a língua e a cultura holandesas tiveram reduzida influência na Indonésia, as culturas portuguesa e timorense interligaram-se ao longo dos séculos, nomeadamente através de casamentos mistos, criando-se uma afectividade em relação ao português em Timor-Leste que nunca existiu com o holandês na Indonésia. Um bom exemplo da aceitação popular do português é o facto de 70% dos apelidos e 98% dos nomes próprios dos timorenses serem, ainda hoje, portugueses.
Os dirigentes timorenses têm clara noção que foi graças à colonização dos portugueses que Timor-Leste (com o enclave de Oecussi-Ambeno e a ilha de Ataúro) criou uma identidade própria e se diferenciou da outra metade da ilha e das restantes milhares de ilhas que compõem o arquipélago indonésio.
Contando com a colaboração activa de Portugal e do Brasil, o português tem vindo progressivamente a recuperar terreno, sendo que actualmente cerca de 25% dos timorenses falam português.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
1 comentário:
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