Os Candidatos às Presidenciais em Timor
Francisco Guterres "Lu Olo" - 53 anos, natural de Ossú, Viqueque, na costa sul. Presidente do Parlamento Nacional.
Quando a Indonésia invadiu Timor-Leste em 1975, Francisco Guterres "decidiu fugir para o mato, onde viria a juntar-se ao pelotão comandado por Lino Olokassa, no Monte Perdido - Ossú", segundo a nota biográfica oficial do candidato presidencial.
Em Julho de 1976, Francisco Guterres foi nomeado vice-secretário da zona costeira Leste, em Matebian.Nas duas décadas seguintes, ocupou diferentes cargos na resistência armada timorense, passando "mais de vinte anos sem entrar numa cidade ou vila", conforme refere o documentário "Nascimento de uma Nação" da cadeia ABC.
Em 1997, "Lu Olo" assumiu o cargo de secretário da Comissão Directiva da Fretilin, após a morte de Konis Santana.
No mesmo ano, foi criado o Conselho Nacional da Resistência Timorense, onde "Lu Olo" ocupou vários cargos.Francisco Guterres foi eleito presidente da Fretilin no primeiro congresso do partido, em Julho de 2001, e reeleito em Maio de 2006.
Foi presidente da Assembleia Constituinte em 2001 e 2002."Como candidato da Fretilin, regresso às origens e revejo o passado de sofrimento por que passámos", declarou "Lu Olo" no seu manifesto de candidatura.
Buscarei sempre inspiração nos nossos heróis, desde Nicolau Lobato a Nino Konis Santana", dois líderes da Resistência que "Lu Olo" homenageou no seu comício de encerramento em Díli.
"Lu Olo" apresentou-se na campanha como "filho de gente humilde" e "católico praticante".
José Ramos-Horta - 58 anos, nasceu em Díli.
Formado em Direito Internacional e membro fundador da ASDT e da Fretilin, partido que abandonou em 1989.
Ramos-Horta é filho de um sargento português, natural da Figueira da Foz, deportado para Timor na sequência da Revolta dos Marinheiros em Lisboa contra o Estado Novo e a Guerra Civil Espanhola em 1936.
Ministro dos Negócios Estrangeiros da Fretilin, após a declaração unilateral de independência de 1975, viveu no exílio em Portugal, na Austrália e nos Estados Unidos da América.
Distinguido com o Prémio Nobel da Paz, com o bispo D. Xímenes Belo, em 1996, regressou a Timor após a consulta popular de 1999.Chefe da diplomacia da RDTL desde 2002, assumiu o cargo de primeiro-ministro na sequência da demissão de Mari Alkatiri, em Junho de 2006.
"Não faço oposição à Fretilin, nunca o fiz e não vou fazer", garante o primeiro-ministro", garante.
Candidata-se à Presidência sem o apoio da Fretilin. "Felizmente, não devo grandes favores a nenhum partido político. Não estou comprometido com ninguém. Apenas com este povo".
José Ramos-Horta é o candidato mais conhecido internacionalmente. Já disse várias vezes que a crise política e militar de 2006 o desviou de um processo adiantado de angariação de apoios para ser secretário-geral das Nações Unidas.Foi no estrangeiro, diz, que terá reunido apoios e "pressões" para se apresentar a estas presidenciais, sobretudo na deslocação a Nova Iorque para o Conselho de Segurança de 12 de Fevereiro.
"Quer o I Governo Constitucional, quer o II, beneficiaram de apoios através de mim", sublinha ao falar das suas amizades "em Washington, em Nova Iorque, em Berlim, em Camberra, em Jacarta".
Internamente, o candidato sem partido apareceu ao lado de um veterano da luta, Cornélio Gama, aliás "L7", e do seu partido UNDERTIM (União Nacional Democrática da Resistência Timorense) e do movimento religioso Sagrada Família.
Outros partidos e cisões apoiaram José Ramos- Horta na primeira volta das presidenciais, como o grupo Mudança da Fretilin e o Partido Milénio Democrático.
Do programa de José Ramos-Horta constam várias medidas directamente dirigidas à Igreja católica, supostamente um dos seus apoios eleitorais: desde a inclusão de referências mais explícitas a Deus na Constituição, ou a atribuição de um subsídio anual de dez milhões de dólares a instituições religiosas, ou, a nível dos símbolos, o lançamento da campanha vestido com uma camisa estampada com Jesus Cristo.
PRM/PSP-Lusa/fim
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