24/08/2007

Hospitais empresa com prejuízo de 189 milhões em 2006

Ana Sofia Santos
Quinta-feira, 23 AGO 07 - 20:20

Ministério da Saúde revelou ao Expresso que, a partir de segunda-feira, as contas dos EPE passam a estar disponíveis na Internet com actualizações trimestrais.



O prejuízo dos hospitais empresa situou-se nos 189,3 milhões de euros em 2006, o que corresponde a mais 188,7 milhões do que em 2005, de acordo com o relatório da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) a que o Expresso teve acesso. Este resultado, esclarece o documento, não pode ser avaliado sem ter em conta que no final de 2005 passaram a integrar o universo do hospitais EPE (entidades públicas empresariais), as unidades de Santa Maria (Lisboa), São João (Porto), Mirandela, Macedo de Cavaleiros e Outão. Por isso, o resultado de 2005 foi “substancialmente melhorado“ pelo facto destes cinco hospitais terem recebido verbas por conta do Orçamento Rectificativo, no valor de 218,7 milhões de euros.
Quanto aos custos registou-se uma redução de 1,3%, tendo superado os 3 mil milhões de euros. Os proveitos reduziram-se 7,3%, para 2,9 mil milhões de euros (menos 227 milhões face a 2005). Constata-se ainda que os fornecedores cresceram 17,5% e os créditos sobre clientes reduziram-se em 4,8%. Olhando apenas para o desempenho das maiores unidades hospitalares portuguesas constata-se que o Santa Maria, em Lisboa, conseguiu reduzir os gastos em 7,7%, para 312 milhões de euros e lucrou 4,7 milhões de euros. Por sua vez o São João do Porto reduziu em 2,1% os custos, para 304 milhões e mesmo tendo recuperado em 47,2 milhões o prejuízo registado em 2005, ainda não saiu das perdas (teve um resultado negativo de 5,6 milhões de euros).
No que se refere à produção dos EPE verifica-se uma tendência de aumento dos cuidados em regime de ambulatório, com as consultas a crescerem 4%, os episódios de urgência 2%, o recurso ao hospital de dia 7,3%, a que se soma uma subida de 11,2% nas intervenções cirúrgicas que não requerem internamento.
O porquê do tardio fecho das contas dos EPE ficou a dever-se, segundo o Ministério da Saúde, ao facto de o processo de aprovação de contas de 31 EPE (agora já são 35) ser “moroso dado que, além da certificação dos valores pelos Revisores Oficias de Contas, a Inspecção Geral de Finanças faz uma análise prévia à aprovação dos resultados e emite um parecer e, só após isso, é os números estão em condições de poderem ser aprovadas por despacho conjunto da Saúde e das Finanças”. Neste momento, 21 dos 31 hospitais já passaram por este processo de certificação, validação e aprovação e “espera-se que a curto prazo os restantes dez hospitais possam igualmente ter as suas contas aprovadas. Após as contas estarem aprovadas os relatórios e contas serão disponibilizados no site da ACSS”.
Entretanto, também já existem dados preliminares das contas dos EPE no primeiro semestre de 2007, que serviram de base para uma reunião, sobre o desempenho económico-financeiro destas unidades de saúde, ocorrida hoje entre a ACSS, a tutela e os administradores hospitalares. O prejuízo dos EPE analisados situou-se nos 127,9 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano (ver mais na próxima edição em papel).
Entretanto, os dados relativos ao primeiro semestre deste ano serão disponibilizados na Internet a partir de segunda-feira e o objectivo é proceder à sua actualização a cada trimestre.

In: http://expresso.clix.pt

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