Competição decorreu em Coimbra
14.09.2007 - 14h34
É o melhor resultado de sempre para Portugal, à 22ª edição das Olimpíadas Ibero-Americanas de Matemática. Uma medalha de ouro para João Guerreiro, prata para João Matias e bronze para Vasco Moreira. Arrecadaram pontos suficientes para os três lugares do pódio, numa iniciativa que reúne anualmente jovens génios da matemática de 23 países.
Poderão ter passado despercebidos, mas até amanhã vão andar pelas ruas da cidade de Coimbra. As Olimpíadas Ibero-Americanas decorreram pela primeira vez em Portugal, com a participação de cerca de 90 crânios da matemática, com idades entre os 15 e os 19 anos, apurados entre os melhores dos seus países. A iniciativa foi organizada pelo departamento de Matemática da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, em conjunto com a Sociedade Portuguesa de Matemática e valeu a Portugal a primeira medalha de ouro numa competição internacional. Mas o prémio requer uma explicação adicional, disse ao PÚBLICO Paula Oliveira, presidente da comissão organizadora. “São atribuídas medalhas no máximo a metade dos participantes. Estipulado um número de atribuições, um sexto são medalhas de ouro, dois sextos prata e metade dos medalhados recebe bronze”.
As medalhas são atribuídas de acordo com o ranking geral de pontuação. “O João Guerreiro ficou no terceiro lugar do ranking o que é uma classificação extraordinária”, disse Paula Oliveira. Das oito medalhas de ouro atribuídas, o lugar de melhor entre os melhores coube a um jovem da Argentina, com o total de 33 pontos mas João Guerreiro ficou pouco abaixo, com 29 pontos.
Aos 17 anos, o grande vencedor português não se lembra do momento exacto em que começou a gostar de matemática mas tem um percurso exemplar. Participou nas primeiras olimpíadas nacionais no 9º ano e agora, em vésperas de entrar para a faculdade, guarda várias prémios nacionais e duas medalhas de bronze em competições internacionais. Uma medalha de ouro na edição nacional deste ano valeu-lhe a viagem de Lisboa a Coimbra, onde em conjunto com outros três portugueses foi o mais longe possível nas exigentes provas das Olimpíadas Ibero-Americanas.
Nove horas de concentração e seis problemas para resolver
Ao todo foram nove horas de concentração, repartidas por duas manhãs. Em cada etapa os alunos tinham de resolver três problemas matemáticos, cada um mais difícil do que o anterior. Um deles, o sexto e último, ninguém conseguiu resolver. “Os problemas não exigem conhecimentos universitários, mas sim reflexão”, disse Paula Oliveira, que quer desmistificar o preconceito ainda existente em relação aos “crânios”: são pessoas normais, naturalmente com uma apetência especial mas com os mesmos desejos, brincadeiras e o humor de qualquer jovem.
“É muito importante frisar que as olimpíadas têm um carácter de elite mas há uma enorme movimentação de professores e alunos em todos os países”, disse a responsável, que estima que nos 23 países tenha havido a mobilização de cerca de 20 milhões de estudantes entre os processos de selecção, só 18 mil em Portugal.
Depois da organização portuguesa, a vitória dos três portugueses foi a cereja em cima do bolo para o departamento de matemática da Universidade de Coimbra, que desde 2000 alberga o projecto Delfos, o único do país dedicado à preparação dos jovens para as competições associadas à matemática e que quer colmatar as deficiências detectadas ao nível do ensino da disciplina.
“Fala-se da matemática pelas piores razões, pelo insucesso. E muitas vezes dizer-se que o conhecimento está ancorado na matemática não passa de um chavão, as pessoas não sabem o que isso significa”, diz Paula Oliveira. “Uma pessoa que tem uma preparação matemática está tão habituada a reflectir e a manobrar entidades abstractas que tem uma facilidade especial em solucionar qualquer problema”.
É aqui que estas competições são úteis. “A matemática estimula as pessoas a aprender mais, a estudar e a desenvolver as suas capacidades”, diz João Matias, o rapaz que ganhou prata nesta selecção da matemática. “Esta vitória tem para nós o mesmo significado que haver medalhados nos Jogos Olímpicos”, desabafa Paula Oliveira, sobre um país que não percebe o valor da disciplina. “A matemática é uma nova profissão e cheia de saída. Um matemático pode ocupar muitas carreiras: é alguém que pensa bem e tem uma enorme preparação mental”.
Marta Ferreira dos Reis
In:http://ultimahora.publico.clix.pt/
Parabéns aos alunos e aos professores envolvidos neste campeonato.
E para a Sra Ministra, é bom que perceba que estes alunos foram formados antes dos seus novos planos de matemática. Não que estes não sejam importantes, mas convém lembrar que a matemática exige disciplina e concentração no estudo sem os quais não há plano que lhe valha.
Laumalai
Filmes - A História de uma Nação - TIMOR
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