10/03/2008

EM PORTUGAL HÁ 112 ANOS

«Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso de alma nacional - reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta(...)

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira e da falsificação, da violência e do roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro(...)

Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este, criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do país, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre - como da roda de uma lotaria(...)

A justiça ao arbítrio da política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.(...)

Dois partidos (...) sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, (...) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgamando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento - de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar»

Guerra Junqueiro
in Pátria (1896)

Manuel Alegre e MIC estão com os professores !!!

in SOL-online:

«A ida da polícia a várias escolas em vésperas de uma manifestação nacional de professores tem de ser rápida e cabalmente esclarecida, exige Manuel Alegre no seu site.
«Não bastam explicações administrativas, exige-se uma resposta política de acordo com a tradição democrática do Partido Socialista e sem transferência de responsabilidades de cima para baixo», refere o socialista.
Sublinha ainda Alegre que, «caso contrário, algo não estará certo nesta democracia, pela qual somos todos responsáveis. Sobretudo aqueles que por ela lutaram e aqueles a quem, como aos órgãos de soberania e, em especial, ao senhor Presidente da República, cabe garantir os direitos e liberdades dos cidadãos».


Educação

Alegristas contra «diabolização» dos professores
Por Andreia Félix Coelho
O Movimento de Intervenção e Cidadania, constituído por apoiantes de Manuel Alegre, publica hoje no seu site um editorial com violentas críticas à política educativa do Governo. Para o MIC, os membros do executivo de Sócrates «ainda não perceberam que não têm nenhum mandato divino».
Num editorial sob o título Revolta dos Professores, o movimento constituído após a candidatura presidencial de Manuel Alegre, tece hoje duras críticas à política educativa do Governo.
«Os professores não são operários numa linha de montagem, nem a escola é uma fábrica a trabalhar de empreitada numa concorrência desenfreada, para atingir 'melhores resultados', nem tão pouco os alunos são roscas e parafusos, para atarraxar como calha», pode ler-se no texto.
O MIC acusa ainda o executivo de Sócrates de
«um enorme aventureiríssimo nas medidas» que se estão a «impor à força» e sublinha que os membros do Governo «não entendem, nem querem entender. Estão convencidos que são o Estado, que são a Lei, que são a Escola».

Escolas pagam alunos pelo bom desempenho

Desta ainda o Srs do ME não se lembraram! Ou talvez sim, só que o sentimento economicista que os move vai controlando as suas mentes...

Os alunos de quarta série estavam se remexendo em suas carteiras, e esperavam ansiosamente os prêmios. Em poucos minutos, eles descobririam quanto dinheiro haviam ganho pelas notas que obtiveram em recentes exames de leitura e matemática. Alguns deles receberiam perto de US$ 50 por bom desempenho nos exames padronizados, o que representa uma pequena fortuna para muitos dos alunos da Escola Pública 188, no Lower East Side de Manhattan.
Quando os prêmios foram distribuídos, Jazmin Roman estava ansiosa para comemorar os US$ 39,72 que lhe couberam. Cochichou com a amiga, Abigail Ortega, para saber quanto ela havia recebido. Abigail respondeu, com um sussurro quase inaudível: "US$ 36,87". Edgar Berlanga deu um soco no ar para celebrar seu prêmio de US$ 34,50.
As crianças não sabiam que sua professora, Ruth Lopez, também sairia beneficiada financeiramente de suas realizações. Caso os alunos demonstrassem avanço ponderável em seus resultados nos exames estaduais, cada professor da escola receberia bonificação até US$ 3 mil.
Em todo o país, distritos escolares estão implementando a idéia de que dinheiro pode ser usado para incentivar melhor desempenho, seja em forma de bonificações para professores e dirigentes ou prêmios monetários e outras recompensas para os alunos. A cidade de Nova York, que opera o maior sistema de ensino público dos Estados Unidos, está na vanguarda dessa tendência, e mais de 200 escolas estão testando formas diferentes de incentivo. Em mais de uma dúzia de escolas, professores, alunos e dirigentes podem receber recompensas em dinheiro com base nos resultados dos estudantes nos exames padronizados.
Cada uma dessas escolas se tornou um instrumento para testar se, como propõe o prefeito Michael Bloomberg, recompensas monetária tangíveis podem reverter a situação de uma instituição. Será que o dinheiro pode levar os alunos a tornar o sucesso acadêmico interessante aos olhos de alunos que o desdenham? Será que os professores pressionarão uns aos outros por melhor desempenho para que a escola conquiste bonificações?
Até o momento, o governo de Nova York já distribuiu mais de US$ 500 mil a 5.237 alunos de 58 escolas, como recompensa por alguns dos 10 exames padronizados que constam do calendário escolar do ano. As escolas, que podiam escolher se participariam ou não do programa, se localizam em todas as áreas da cidade.
"Não estou dizendo que isso vá resolver qualquer problema", disse o Dr. Roland Fryer, economista da Universidade Harvard que criou o programa de incentivo a alunos. ¿Mas digo que vale a pena tentar. O que precisamos é tentar criar aquela fagulha¿.
No país, distritos escolares vêm testando diversas abordagens de incentivo. Alguns estão oferecendo vales-presente, refeições no McDonald¿s ou festas para toda uma classe em uma pizzaria. Baltimore está planejando pagar os estudantes problemáticos que consigam elevar seus resultados nos exames padronizados.
Os críticos desses esforços alegam que as crianças deveriam ser inspiradas a aprender por amor ao conhecimento, e não por dinheiro, e questionam se os prêmios servirão de fato para promover realizações. Antecipando exatamente essas objeções, Nova York cautelosamente restringiu as verbas do programa a dinheiro que conseguiu arrecadar em doações privadas, e não incluiu verbas públicas, o que ajudou a evitar algumas das controvérsias surgidas quanto ao programa de Baltimore, que utiliza dinheiro público.
Alguns dirigentes escolares adeririam sem hesitar aos programas de recompensa. Virginia Connelly, diretora da Junior High School 123, no distrito de Soundview, Bronx, vem testando sistemas de incentivo há anos, como prêmios por bom comportamento, assiduidade, e boas notas. Os prêmios, distribuídos em uma moeda de fantasia criada pela escola, podem ser usados para a compra de produtos na loja que o colégio opera. ¿Nós estamos competindo com as ruas¿, diz Connelly. "Os alunos podem sair à rua e ganhar US$ 50 por dia, ilegalmente, sempre que quiserem. É preciso fazer alguma coisa para competir contra isso".
Já Barbara Slatin, a diretora da escola 188, diz que inicialmente era cética com relação a pagar os alunos pelo bom desempenho. Os estudantes, muitos dos quais vivem nos conjuntos de habitação para moradores de baixa renda localizados ao longo da Avenida D, no bairro, certamente saberiam como usar o dinheiro, mas sua preocupação era enviar a mensagem errada a eles. "Não queria vincular o conceito de sucesso acadêmico ao dinheiro", disse.
Mas, depois de uma apresentação de Fryer, ela se deixou convencer. "Nós sempre dizemos que faremos o que for preciso, e se é isso que precisamos, eu participarei", disse. Em 1996, a escola 188 foi considerada como ineficiente pelo Departamento Estadual da Educação, mas o desempenho da instituição vem melhorando dramaticamente ao longo dos últimos 10 anos. No final do ano passado, ela recebeu nota A no boletim das escolas da cidade. Mas menos de 60% dos alunos foram aprovados no exame padronizado de matemática, em 2007, e menos de 40% deles foram aprovados no exame padronizado de leitura.
Cerca de 90% das 200 escolas convidadas a optar ou não pela adesão ao programa aderiram, por decisão dos corpos docentes. Os professores veteranos dizem que o programa é bom, mas que não pensam muito a respeito. Os mais jovens parecem mais positivos, afirmando que a bonificação é uma rara chance de obter recompensas adicionais. Slatin e seus professores demorarão meses a saber se receberão uma bonificação, mas os resultados iniciais dos exames parecem promissores. "Queremos acreditar no sucesso, mas isso me deixa ansiosa", afirma Slatin. "Não estamos acostumados a ver resultados de exames tão bons".


Tradução: Paulo Migliacci ME
The New York Times


In:http://noticias.terra.com.br

Manifestação de Professores - 8 de Março de 2008

No dia 8 de Março realizou-se em Lisboa uma manifestação de Professores como forma de protesto contra as políticas educativas do governo socialista que teima em humilhar, desvalorizar, desrespeitar e denegrir a imagem dos Professores e em destruir de vez o ensino em Portugal.
Apesar de o governo e os seus subditos teimarem em apelidar os participantes nesta luta de comunistas e afins, os Professores, apenas como tal, participaram em massa (80 mil segundo a PSP, 100 mil segundo os sindicatos e a comunicação social).
O governo diz ir continuar com a mesma política, apesar da enorme demonstração de desagrado, desvalorizando o manifesto dos Professores.
Mas... os Professores continuam em luta e não vão desistir, porque o futuro dos seus alunos é o mais importante.
Quanto ao governo, sería bom que não desvalorizasse as manifestações do povo na rua e que lembrasse que a História está cheia de exemplos que mostram que estas têm muita força e que a democracia se conseguiu à custa das mesmas.
Também sería bom que tivessem sempre em mente o velho ditado "Quanto mais se sobe, maior é o trambulhão". E ainda que, se "só" 2/3 dos Professores portugueses se manifestaram nas ruas, significa que a maioria dos restantes não vieram por razões certamente pessoais e que todos eles têm famílias... Tudo junto, certamente serão muitos votos a menos que o PS não terá nas próximas eleições.

Laumalai


















































































Nem dá para acreditar! Incrível!!!

O que interessa são as belas estatísticas de mais alunos com o 9º ano, com o 12º ano, menos abandono escolar (sabe-se lá a que custos....), melhores notas dos meninos (pois daí depende a avaliação do prof!!!!!), etc, etc.

Pois…eles passam, mas qualquer dia estaremos como estes:

Vejam o documentário da situação no Brasil. Parece-vos familiar?!...

É para lá que caminhamos!!!!!

Ministra da Educação. A Bossa da Ministra!

08/03/2008

Manuel Alegre apela ao Presidente da República e exige esclarecimento sobre actuação da PSP

Visitas a escolas em vésperas de manifestação de professores

07.03.2008 - 15h12 São José Almeida

O vice-presidente da Assembleia da República e deputado do PS Manuel Alegre apelou ao Presidente da República, Cavaco Silva, para que garanta “os direitos e liberdades dos cidadãos” e exigiu um rápido esclarecimento sobre as razões porque a polícia foi a escolas em véspera da manifestação de professores.
“A ida da polícia a várias escolas em vésperas de uma manifestação nacional de professores tem de ser rápida e cabalmente esclarecida”, defende Manuel Alegre numa nota publicada no seu site http://www.manuelalegre.com/.
O antigo candidato à Presidência da República acrescenta:
“É preciso saber quem foi, quem mandou e para quê. Não bastam explicações administrativas, exige-se uma resposta política de acordo com a tradição democrática do Partido Socialista e sem transferência de responsabilidades de cima para baixo.
”E conclui afirmando: “Caso contrário, algo não estará certo nesta democracia, pela qual somos todos responsáveis. Sobretudo aqueles que por ela lutaram e aqueles a quem, como aos órgãos de soberania e, em especial, ao senhor Presidente da República, cabe garantir os direitos e liberdades dos cidadãos.”

In: http://ultimahora.publico.clix.pt

Manifestação de professores amanhã corta trânsito entre o Marquês de Pombal e a Praça do Comércio

07.03.2008 - 18h46 :, Bruno Nunes

A PSP de Lisboa divulgou hoje as restrições ao trânsito que terão lugar amanhã entre a Praça Marquês de Pombal e a Praça do Comércio, a partir das 14h30, por causa da manifestação de professores.Tendo em conta o número de participantes divulgado pela Fenprof, entre 60 e 70 mil manifestantes, o acesso ascendente à central da Av. da Liberdade será cortado desde os Restauradores até ao Marquês de Pombal (excepto para os autocarros da Carris), enquanto que no sentido descendente as vias cortadas vão desde o Marquês até à Rua Alexandre Herculano.Aquando do início do desfile serão também isolados os Restauradores e o Rossio, mantendo-se a interdição até ao final do protesto. Também o trânsito na Praça do Comércio se manterá condicionado até ao final da concentração, sendo que todos os condutores (incluindo os transportes públicos) são instruídos a inverter a marcha no Rossio.
No início da concentração, os transportes públicos estão impedidos de aceder à rotunda do Marquês de Pombal, sendo que no final do desfile na Praça do Comércio, os autocarros que percorram aquele itinerário ficam na Praça D. Pedro V, no Cais do Sodré e junto à Estação Fluvial Sul/Sueste.Como alternativas à circulação na Praça Marquês de Pombal, o Comando Metropolitano da PSP avança que o trânsito que desce a Avenida Fontes Pereira de Melo será desviado para o Túnel do Marquês e para a Avenida António Augusto de Aguiar em direcção à Praça de Espanha.As viaturas que se desloquem pela A5 têm como alternativas o túnel do Marquês de Pombal, a Rua Artilharia I e a Rua Castilho. Quem circula na Avenida Infante Santo em direcção ao Largo do Rato deverá seguir pela Rua Escola Politécnica e pela Rua Castilho.As alternativas à circulação pela Praça do Comércio para quem segue pela Marginal de Cascais são a Rua do Alecrim e, em caso de saturação da Avenida 24 de Julho, a Avenida Infante Santo.
O trânsito que vem pela Avenida Infante D. Henrique em direcção à Praça do Comércio será desviado no viaduto da Avenida Mouzinho de Albuquerque em direcção à Praça Paiva Couceiro.
Aliado ao fluxo de pessoas surge também o elevado número de autocarros em que a grande maioria dos manifestantes se fará transportar. Assim, de modo a facilitar a circulação e o escoamento dos cerca de 600 autocarros esperados, o seu estacionamento foi dividido em duas zonas.
Os autocarros provenientes das zonas Norte e Centro do país serão encaminhados, após deixarem os manifestantes na Alameda Cardeal Cerejeira, para a Avenida 24 de Julho, servindo o Parque de Algés junto à Doca Pesca como alternativa de estacionamento a este local.Os autocarros oriundos da zona sul do país deslocar-se-ão para a Avenida Infante D. Henrique, onde estacionarão ocupando a faixa BUS no troço entre a Praça do Comércio e a Estação de Santa Apolónia, aguardando aí até ao final da manifestação.

In: http://ultimahora.publico.clix.pt

04/03/2008

O fim do estatuto por Daniel Sampaio

A avaliação dos professores (Vasco Pulido Valente)

Como se pode avaliar professores, quando o Estado sistematicamente os "deseducou" durante 30 anos? Como se pode avaliar professores, quando o ethos do "sistema de ensino" foi durante 30 anos conservar e fazer progredir na escola qualquer aluno que lá entrasse? Como se pode avaliar professores, se a ortodoxia pedagógica durante 30 anos lhes tirou pouco a pouco a mais leve sombra de autoridade e prestígio? Como se pode avaliar professores, se a disciplina e a hierarquia se dissolveram? Como se pode avaliar professores, se ninguém se entende sobre o que devem ser os curricula e os programas? Como se pode avaliar professores se a própria sociedade não tem um modelo do "homem" ou da "mulher" que se deve "formar" ou "instruir"?Sobretudo, como se pode avaliar professores, se o "bom professor" muda necessariamente em cada época e cada cultura? O ensino de Eton ou de Harrow (grego, latim, desporto e obediência) chegou para fundar o Império Britânico e para governar a Inglaterra e o mundo. Em França, o ensino público, universal e obrigatório (grego, latim e o culto patriótico da língua, da literatura e da história) chegou para unificar, republicanizar e secularizar o país. Mas quem é, ao certo, essa criatura democrática, "aberta", tolerante, saudável, "qualificada", competitiva e sexualmente livre que se pretende (ou não se pretende?) agora produzir? E precisamente de que maneira se consegue produzir esse monstro? Por que método? Com que meios? Para que fins? A isso o Estado não responde.O exercício que em Portugal por estúpida ironia se chama "reformas do ensino" leva sempre ao mesmo resultado: à progressão geométrica da perplexidade e da ignorância. E não custa compreender porquê. Desde os primeiros dias do regime (de facto, desde o "marcelismo") que o Estado proclamou e garantiu uma patente falsidade: que a "educação" era a base e o motor do desenvolvimento e da igualdade (ou, se quiserem, da promoção social). Não é. Como se provou pelo interminável desastre que veio a seguir. Mas nem essa melancólica realidade demoveu cada novo governo de mexer e remexer no "sistema", sem uma ideia clara ou um propósito fixo, imitando isto ou imitando aquilo, como se "aperfeiçoar" a mentira a tornasse verdade. Basta olhar para o "esquema" da avaliação de professores para perceber em que extremos de arbítrio, de injustiça e de intriga irá inevitavelmente acabar, se por pura loucura o aprovarem. Mas loucura não falta.

02.03.2008, Vasco Pulido Valente
In: http://www.publico.clix.pt/