29/01/2008

Chegou ao fim o mais polémico mandado da pasta da Cultura

Pires de Lima: o fim de uma governação polémica
O protocolo com a Fundação Berardo que deu origem à criação do Museu no CCB terá ajudado à decisão de demitir Isabel Pires de Lima.


Alexandra Carita
18:24 Terça-feira, 29 de Jan de 2008

O rol de polémicas que as decisões da ministra da Cultura levantaram em dois anos terão sido a causa mais forte para a sua exoneração. Isabel Pires de Lima foi a primeira a dizer que não cederia ao "ultimato" de Joe Berardo, em Dezembro de 2006, e a primeira a assinar o protocolo com o comendador, proprietário da maior colecção de arte contemporânea do país, dois dias depois, oferecendo-lhe o espaço que este sempre reivindicou.
O encerramento do Centro de Exposições do CCB, o valor da colecção e os estatutos do novo museu, nomeadamente o compromisso do Estado contribuir com uma verba anual de 750 mil euros para o fundo de aquisições do Museu foram os pontos mais contestados do acordo.
A demissão de António Pinamontti da direcção do Teatro Nacional de São Carlos foi a segunda bomba a rebentar no meio cultural e a desacreditar a ministra, acusada de exonerar quem dela divergisse, independentemente da sua competência. O caso Dalila Rodrigues em Agosto passado levantou dúvidas sobre a liberdade de expressão dentro das instituições tuteladas pelo MC.
O colapso à beira do qual está o Património e a falta de verbas para essa sua "prioridade" aumentou a polémica, sobretudo com a extinção do Instituto Português de Arqueologia no IGESPAR e a não renovação de avenças de metade dos arqueólogos que ali trabalhavam. Mas terá sido o verdadeiro descalabro na gestão dos museus portugueses a pôr fim a um mandado inglório.
O protocolo com o Museu russo Hermitage e o empenho pessoal da ministra na obtenção de 1,5 milhões de euros em apoios mecenáticos para a primeira exposição da colecção de arte russa em Lisboa em detrimento de um orçamento de funcionamento digno para os 29 museus portugueses, não foi bem visto. Muito menos a decisão de criar o Museu Mar da Língua, com um custo de cinco milhões de euros, no edifício do antigo Museu de Arte Popular.
Há muito descontentes com a indefinição do estatuto do artista, a comunidade de trabalhadores das artes do palco e dos agentes culturais, tinha conseguido até hoje 2778 assinaturas num documento online a pedir a demissão da ministra, o qual seria entregue quinta-feira ao primeiro-ministro.

In: http://clix.expresso.pt/

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